Embora com grande esforço, devo reconhecer que já estava a afeiçoar-me ao Álvaro e ao seu ar bonacheirão. Com o tempo, tornou-se o único ministro não alienígena deste governo. O homem ria com sinceridade.Quando estava a mentir topava-se à légua. Quando queria assumir um ar institucional, eu desatava a rir face à sua falta de jeito para a função.
Não consigo entender a razão que levou Passos Coelho a escolher Álvaro Santos Pereira para ministro. Sendo o PM uma pessoa de plástico, mais falsa do que uma nota de 5€ fabricada numa cave da Porcalhota, não foi normal a escolha. No momento do convite, o neurónio de PPC devia estar de férias, porque a postura do Álvaro nada tem a ver com a do homem de Massamá.
O despedimento surge, também, num momento muito infeliz do neurónio de PPC ( lá está, no Verão o tipo vai de férias e deixa o PM a pensar sozinho. Ou, pior ainda, com a ajuda do Relvas e do Cavaco).
Bem, mas como dizia, aliás, escrevia, o despedimento do Álvaro deve-se precisamente ao facto de ter uma faceta de ser humano. As gargalhadas na AR, durante o episódio do Borda d’Água, foram genuínas e não atingiram apenas Gaspar. Atingiram, como setas, o primeiro ministro. Era óbvio que uma pessoa com a falta de carácter de PPC não toleraria aquele episódio. Foi nesse dia que o destino de Álvaro ficou traçado.
Deve dizer-se que saiu sem trabalho visível realizado, mas com mais simpatias do que quando entrou. Na nossa memória vai perdurar aquele salutar episódio na AR. Até ao dia em que Álvaro abra a boca e comece a escrever na coluna do Haver, as respostas a Gaspar, Coelho e Portas.