Os portugueses são estúpidos e mal agradecidos. Ainda não perceberam que este governo, apesar de ter acabado com o programa Novas Oportunidades não se cansa de criar condições para que tenham uma vida melhor e um futuro risonho.
Fez por isso muito bem Pedro Passos Coelho quando ontem, no ISCSP, anunciou que
Logo no início do seu mandato, vários membros do governo anunciaram que o desemprego era uma grande oportunidade, pois permitia aos jovens emigrar e conhecer o mundo. Ingratos, os portugueses ficaram ressabiados, porque o governo não lhes pagava a viagem para se pirarem daqui e começaram a denegrir uma medida visionária só ao alcance de predestinados como Vocelência!
Fez por isso muito bem em anunciar esta nova medida que irá proporcionar a muitos funcionários públicos sem qualificações, começar uma nova vida.
Esta manhã recebi dezenas de telefonemas de funcionários públicos entusiasmados!
A D. Conceição, auxiliar administrativa numa escola de Ranholas de Baixo, estava tão eufórica, que pensei que lhe tivesse saído o Euromilhões. Dizia-me ela:
- Ainda bem que votei no PSD! Agora, com os 4 mil euros de indemnização vou montar uma banca de fruta lá na aldeia. Finalmente, posso tornar-me independente!
Também o senhor Adelino, cantoneiro em Burganhis de Cima, não escondia a sua satisfação:
- Com estes 5 mil euros de indemnização vou montar uma empresa de construção civil. Não sei ainda é se vai ser aqui na terra, ou no Dubai, que me dizem ser também uma terra de oportunidades. Vou finalmente ser um empreendedor e quem sabe se não vou receber um prémio do sr Cavaco!
As manifestações de regozijo não são, porém, exclusivas de funcionários que ao fim de 30 anos de trabalho vão receber as chorudas indemnizações prometidas pelo governo, que irá alterar as suas vidas. Há também aqueles que vêem, na saída de milhares de funcionários públicos, a oportunidade para arranjarem um emprego.
É o caso, por exemplo, de Andreia Marlene cujos pais, com uma extraordinária visão, a inscreveram na JSD no dia em que a miúda completou o ensino básico. Licenciada em Relações Internacionais com a brilhante média de 11 valores, Marlene foi contratada como especialista para o gabinete de um ministro, mas não teme que a queda do governo a lance no desemprego.
“ Bem pelo contrário!”- replica entusiasmada. “O senhor primeiro ministro anunciou que a saída desse pessoal secundário irá permitir contratar licenciados e, obviamente, que se não conseguir arranjar lugar numa empresa pública, terei um empregozinho garantido numa qualquer Direcção Geral, porque é para isso que elas existem! São aquilo a que o senhor primeiro ministro chamou lugar de recuo. Um passo atrás hoje, mas dois em frente amanhã, porque com o meu curriculum serei nomeada chefe em regime de substituição num ápice!”
Andreia Marlene até já fez as contas. Se por cada três funcionários não qualificados, for recrutado um licenciado, já dá para meter lá o pessoal todo dos gabinetes que não tenha lugar nas empresas públicas. É uma mais valia para a JSD!
Tem pois muita razão PPC quando afirma que o despedimento as rescisões amigáveis na função pública são uma oportunidade. Só se esqueceu de explicar quem seriam os beneficiados, mas eu ( e estou certo que também os leitores) sou bom aluno e percebi logo tudo, sem necessitar de esclarecimentos adicionais.