A grande surpresa das eleições italianas foi o surpreendente resultado alcançado por Beppe Grillo, o ex- comediante fundador do Movimento 5 Estrelas.
A sua campanha eleitoral decorreu sob o lema “A honestidade vai ficar na moda” e centrou-se no combate cerrado aos partidos. Para já os frutos traduzem-se numa centena de deputados e 60 senadores eleitos.
Ninguém sabe quem é Beppe Grillo, mas um em cada quatro italianos não hesitaram em dar-lhe o seu voto.Não terá sido por acreditarem na promessa dos 1000 euros de rendimento mensal mínimo, nem na semana de trabalho de 20 horas que o ex-palhaço prometeu. Votaram nele, apenas porque estão fartos dos políticos tradicionais e da corrupção que lhes está subjacente.Mais... votou nele quase o triplo dos italianos que apoiaram o governo Monti imposto pela Europa para governar Itália!
Entre as singularidades do Movimento 5 Estrelas, realce-se o facto de a maioria dos candidatos ter sido escolhido através das redes sociais. Com que critérios? Ninguém parece saber… mas ficámos a saber que no Parlamento, os votos dos deputados do Movimento 5 Estrelas serão precedidos de uma consulta nas redes sociais. Enfim, o circo perfeito!
O triunfo da política espectáculo atordoou a Itália e são imprevisíveis, por agora, os efeitos que poderá ter noutros países europeus.
Pessoalmente não me sinto confortável ao ler as notícias que vêm de Itália sobre esta personagem do show bizz e chamou-me a atenção, em particular, uma notícia do Público onde se relata um episódio ocorrido em Viterbo, num dos últimos dias da campanha eleitoral. Durante o comício chovia e Beppe Grillo pediu aos apoiantes que fechassem os guarda –chuvas. Foi prontamente obedecido!
O desespero das pessoas pode conduzi-las à alienação e a entregar o seu voto a um ditador, que se faz eleger em nome da democracia e em luta aberta contra os partidos de regime.
Talvez fosse oportuno os nossos partidos pensarem um bocado sobre o assunto. E os eleitores portugueses também...