terça-feira, 20 de novembro de 2012
O governo vai montar um circo?
Depois de Pedro Passos Coelho ter mostrado em Cadiz a sua veia de palhaço e de Gaspar ter feito um passe de mágica nas suas previsões para 2013 e 2014, iludindo os portugueses sobre o massacre que aí vem, Paulo Portas também quis entrar no circo.Vai daí, criticou o Orçamento da UE, que acusou de não ser solidário e carecer de sensibilidade para os problemas do crescimento e emprego. Com esta postura de oposição quando está na Europa, na Madeira e nos Açores e de muleta do PSD no continente, Paulo Portas será o equilibrista de serviço no circo Portugal. Mas, confesso, foi este número de contorcionismo do grupo parlamentar do CDS ! que mais apreciei.
Estes gajos não têm vergonha na cara?
Para mim vens de carrinho...
O governo espanhol decidiu reduzir a metade o número de
automóveis do Estado. A partir de agora secretários de estado e directores
gerais, por exemplo, partilham o mesmo carro.
Por cá, o governo mantém a frota do estado bem equipada, não
abdicando de carros blindados. O ministro da Vespa ( responsável pela segurança social) não se
coibiu mesmo de garantir para seu uso pessoal um Audi novinho em folha e o austero ministro Gaspar impediu o ministério da justiça de adquirir carros usados, obrigando Paula Teixeira da Cruz a comprar viaturas novinhas em folha.
O líder parlamentar do PS, por sua vez, também se alambazou
com uma frota da Audi para servir o seu
grupo parlamentar. ( ó p’ra ele a criticar a Merkel!).
Não me atrevo a sugerir ao governo e ao vetusto partido líder
da oposição que sigam o exemplo da Noruega, onde a ex- primeira ministra se
deslocava sempre de bicicleta.
Nem sequer a apontar o exemplo de outros países europeus
onde apenas o primeiro-ministro tem direito a carro do Estado,os ministros quando se deslocam em serviço
oficial têm de pedir ao líder do governo que lhes ceda uma viatura e os secretários
de estado e directores gerais viajam em transportes públicos entre suas casas e
os ministérios. Reconheço que num país latino, marcado pela ostentação do mais
vale parecê-lo do que sê-lo, onde o automóvel é um símbolo de estatuto social, é muito difícil pedir ao estado que se comporte em consonância com os princípios
que apregoa.
Limito-me, por isso, a pedir ao governo que corte para
metade o número de veículos ao serviço dos membros do governo, que elimine a prerrogativa da atribuição de carros a directores gerais e
deixe de colocar as viaturas do Estado ao serviço dos familiares e outros
membros dos gabinetes quando se deslocam para os seus empregos ou vão fazer
compras ao supermercado.
De igual modo, os administradores de empresas públicas ( nomeadamente
das empresas de transportes) deveriam ser obrigados a prescindir dos automóveis
que lhes são atribuídos. Um administrador do metropolitano, por exemplo,
devia deslocar-se de metro, até porque isso lhe permitiria perceber melhor as
deficiências de funcionamento da empresa que gere.
Pronto, está bem, estou a ser lírico. Ainda acredito que é
possível em Portugal cortar nas gorduras do estado que não passam de ostentação
e não percebo que é muito mais fácil cortar nos salários de quem trabalha.
Conversas de café
Há cada vez mais comentadores com assento cativo em
programas de televisão e na imprensa que não se cansam de de criticar os blogs
e as redes sociais, por se terem transformado em conversas de café.
Gostaria de lembrar duas coisas a esses encartados da opinião,
que gostam de falar ex-catehedra, como se fossem os únicos detentores da
verdade:
- Muitos comentadores são os primeiros a transformar o
espaço de debate televisivo e as páginas dos jornais em mesas de café, tal a
vacuidade e falta de fundamento de muitas ideias que exprimem, embrulhadas em
papel de intelectualidades balofas.
- É nos cafés ( e não no Gambrinus ou outros restaurantes e botecos
frequentados pelas elites) que o povo se reúne, troca ideias, desabafa e
retrata os problemas que vive no quotidiano. E, por muito que custe a esses
comentadores, buçais da intelectualite lusa, quem vota e elege os seus
representantes é o povo e não essa plêiade de ilustres que se põe em bicos de pés
para ter um espaço opinativo na televisão.
Basta estar uma semana a ouvi-los e lê-los atentamente, para
se perceber que a maioria dos que dispõem dessas privilegiadas tribunas, podem
fazer algumas críticas e queixas, mas convivem bem com o status quo.
Não são os comentadores que fazem as revoluções… é o povo
que conversa à mesa do café dizendo
disparates, ou escreve nos blogs e redes sociais.
Mesmo ignorante e desprovido da inteligência que apenas
bafejou os comentadores encartados, é esse povo que determina o que pretende
para o país. Pena é que ainda não tenha percebido a sua força, caso
contrário, outro galo cantaria
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