Não me recordo de um Dia Mundial da Poupança tão celebrado em Portugal, como este ano.
No tempo das vacas gordas, os bancos emprestavam
dinheiro até a um sem abrigo que apresentasse declaração de IRS, o DMP era
assinalado pelos bancos com incentivos
ao endividamento e o crédito ao consumo era apregoado como um investimento.
Agora, quando os portugueses mais avisados que resistiram
aos cantos de sereia do crédito bancário e às luzes psicadélicas da sociedade que tudo prometiam sem pedir nada em troca ( à
excepção de uns juros “irrelevantes”) são obrigados a recorrer às poupanças
amealhadas para fazer face à crise, os bancos organizam seminários e exposições sobre “Literacia
Financeira”, incentivam e dão dicas para poupar. Entre os muitos discursos, apresentação de
casos exemplares sobre educação financeira nas escolas ( matéria que há poucos
anos achavam desnecessária) e “feiras”, várias entidades ligadas ao sector financeiro promovem
as mais variadas e surpreendentes actividades lúdicas. Entre elas, descubro um
espectáculo promovido pela Associação Portuguesa de Bancos com o sugestivo
título “A Magia da Poupança”.
Leio, no programa, que se trata de uma “representação de
situações de famílias típicas na gestão do orçamento e da poupança”.
Ainda bem que os bancos – mesmo em tempos de crise- não
perdem o sentido de humor. Ensinar milhares de famílias no desemprego ou com rendimentos inferiores a 600 € a poupar,
não é apenas um espectáculo de Magia. É, essencialmente, um espectáculo de humor…negro!
Adenda: Entretanto, é sempre bom saber que há gente prevenida que gosta de poupar