Para além de Gaspar e Coelho, ninguém apoia o OE 2013, mas isso não quer dizer que na esmagadora maioria que o critica haja consenso. Muitos, à direita e no PS, continuam a defender que este governo tem legitimidade para governar, uma crise política seria devastadora e a credibilidade externa de Gaspar é fundamental para o país vencer a crise.
Sempre que me falam da credibilidade externa de um homem que traiu o país e condenou o seu povo à fome e à miséria, não posso deixar de me lembrar que foi com pretextos similares que o ministro das finanças António de Oliveira Salazar chegou a presidente do conselho e mergulhou o país numa ditadura de 40 anos.
Apetece-me perguntar quantos cifrões nos custará a Liberdade mas não vale a pena, porque os emissários do governo que vão às televisões disfarçados de comentadores, continuam a intoxicar a opinião pública com o fantasma de uma crise política, surdos perante as manifestações de rua e até – pasme-se!- as afirmações do insuspeito Adriano Moreira que, sem rodriguinhos, defende que este governo já perdeu a legitimidade para governar.
Aqueles que continuam a propagar a ideia de que uma crise política seria avassaladora esquecem, também, outros sinais fundamentais indiciadores de que a democracia foi suspensa neste país. Aqui vão alguns exemplos:
- Vítor Gaspar humilhou o PR, desdenhando as suas declarações no FB;
- PPC humilhou Paulo Portas rindo a bandeira despregadas, quando Honório Novo exibiu a carta escrita pelo líder do CDS aos militantes, recusando o aumento de impostos;
- Um grupo de deputados travestidos de homens e mulheres, vende a sua consciência aprovando um OE com que nem eles concordam, porque não querem colocar os seus lugares em risco;
- Um malabarista, ocupando um lugar de ministro, dá-se ao luxo de ir à AR dizer que o OE tem de ser aprovado, custe o que custar, porque não há lugares para países imaginários, nem estados de alma;
- Ontem em Bruxelas, durante a Cimeira Europeia, os primeiros ministros espanhol e grego alertaram os seus parceiros para os problemas sociais da austeridade, mas Pedro Passos Coelho entrou mudo e saiu calado.
Poderia enunciar muitos outros episódios que demonstram, à saciedade, que este governo governa contra os portugueses, mas estes são suficientes para defender que este governo já devia ter sido demitido.
Entrincheirado entre a marquise da Rua do Possolo e as paredes do Palácio de Belém, Cavaco deixou-se fazer refém por Coelho e Gaspar e acabou por se tornar cúmplice da crise.
Não sei com quantos cifrões iremos pagar a perda da liberdade, mas sei que muitas vidas irão ser ceifadas pela política criminosa da dupla Gaspar/Coelho e seus cúmplices que desencadearam uma revolução sem armas contra os portugueses.
Perante este panorama, até as palavras tresloucadas de Otelo Saraiva de Carvalho, apelando à contra revolução, parecem fazer algum sentido.