O grupo parlamentar do PS decidiu trocar de carros, utilizando as verbas anuais disponíveis no Orçamento da AR.
Obviamente que os aconchegados ao poder, seus acólitos e aparentados, aproveitaram logo para manifestar o seu repúdio por este escândalo. Como era de esperar, foram apoiados por alguma comunicação social que chegou ao desaforo de colocar na boca de Francisco Assis palavras que ele nunca proferiu.
Adianto, desde já, que a decisão do grupo parlamentar do PS foi, em minha opinião, negligente e as explicações apresentadas por Carlos Zorrinho ao nível de um qualquer Relvas.
Convém no entanto lembrar alguns desses críticos – cujas palavras se justificam pelo facto de andarem ansiosos por zurzir no governo, mas estarem impossibilitados de o fazer, porque vivem à custa do orçamento que generosamente lhes paga - os gastos dos gabinetes ministeriais em automóveis, usados não raras vezes para transportar os seus filhos aos colégios privados, aos consultórios médicos ou a compras no supermercado.
O grupo parlamentar do PS usou dinheiro que lhe é atribuído por lei. Pode ter feito uma má opção, mas não cometeu nenhum crime. Procedeu como qualquer cidadão que, ao chegar ao final do ano, constata que lhe sobraram uns trocos e resolve aplicá-los na compra de roupas de marca, ou num cruzeiro. É uma decisão do seu foro íntimo que não deve ser criticada.
Ao invés, alguns que directamente, ou por interposta pessoa, criticaram os gastos do grupo parlamentar do PS nos blogs situacionistas, deveriam pensar que estão a ser pagos pelo erário público para exercer funções supérfluas, ou que poderiam ser desempenhadas com maior eficácia e a custos mais baixos por funcionários públicos do quadro.
Quem vive à custa do orçamento de Estado, recebendo a recompensa pelos serviços prestados durante a campanha eleitoral de 2011, não tem legitimidade para atirar pedras, porque tem telhados de vidro.