"Tenho pena que só o tenha feito quando as medidas austeras se tornaram universais e não o tenha feito no espírito solidário de quando a austeridade atingiu outros sectores - e fala quem já saiu à rua em nome dos outros."
Esta frase, escrita
pela Blonde, levanta uma questão sobre a qual já me pronunciei diversas vezes e me parece ser oportuno voltar a reflectir.
As manifs de sábado tiveram aquela expressão, porque pela primeira vez os trabalhadores do sector privado foram alvo de medidas extremamente gravosas permanentes. Enquanto as medidas só atingiram os funcionários públicos e os reformados, o clamor foi restrito e houve muita gente a aplaudir a medida, ignorando a índole criminosa de quem rouba gente que pagou toda a vida para garantir a sua reforma ( já nem me refiro aos funcionários públicos que os portugueses continuam a ver como malandros, ignorando que são eles que garantem o SNS, a Segurança Social, a educação dos seus filhos e outros serviços essenciais.
Não tenho dúvida que se as medidas continuassem a recair apenas sobre aqueles dois segmentos da população portuguesa, as manifs de ontem não teriam tido a mesma expressão.
Paulo Portas, o patriota das alheiras, sabia muito bem que generalizar as medidas de austeridade faria despoletar a revolta dos portugueses, mas PPC ignorou os avisos e agora talvez esteja arrependido.
Ontem mesmo, durante a manif, dizia a uma camarada da TVE, que o grande problema dos portugueses era a falta de solidariedade e consciência cívica e que aquilo que estava a ver poderá ser desmentido em breve.
Não demorará, certamente, mais de um mês a confirmar os meus receios. Será quando o governo anunciar os cortes adicionais para 2012( O governo tem de reduzir para 5% um défice que, actualmente, está próximo dos 7%).
Funcionários públicos e reformados serão os mais penalizados, embora os trabalhadores do sector privado não escapem a ligeiros cortes. Nessa altura, veremos novamente o défice de solidariedade dos portugueses.