Este fim de semana o nome Armstrong dominou as notícias.
O (Neil) Armstrong que obrigou muitos de nós a ficarem acordados madrugada dentro, para o ver alunar, morreu. Tinha 82 anos e ficará para sempre na memória da minha geração, apesar de haver ainda hoje muito boa gente que continue a duvidar da façanha e a defender que foi tudo encenação dos americanos. Outros apontam o facto de ele nunca ter dado uma entrevista,depois da alunagem, como uma evidência da patranha americana
Para a maioria, porém, Neil Armstrong continuará a ser visto como um herói ( embora seja bom não esquecer que ele não foi sozinho até à Lua, como qualquer cidadão que um dia de manhã acorda e diz "vou pedalar até Cascais").
O outro Armstrong ( Lance) derrotou a morte ao vencer um cancro nos testículos e viria a tornar-se uma lenda do ciclismo, depois de ganhar sete vezes o Tour de France.
Lance Armstrong continua vivo e aparentemente de boa saúde. No entanto, alguém já se encarregou de o matar.
Apesar de as centenas de controlos anti-doping a que foi submetido ao longo da sua carreira terem sempre dado resultado negativo, surgiram acusações de que se dopou. Acusações sem uma única prova, apenas baseadas em testemunhos, estudos científicos e suspeitas.
Cansado da caça às bruxas, LA desistiu de continuar a lutar. Talvez muitos não compreendam a sua desistência, mas o que poderia ele fazer para limpar a sua imagem e recuperar a sua reputação, para se defender de uma justiça que o acusa sem provas? Que pode ele fazer perante uma comunicação social que lhe moveu uma campanha indecorosa?
LA desistiu de lutar, mas eu continuarei a considerá-lo o maior ciclista de todos os tempos, até que alguém consiga provar iniludivelmente que ele se dopou e enganou o mundo inteiro.
Quando vejo um qualquer canal de televisão anunciar com pompa e circunstância que o português José Azevedo ( que num dos Tours ficou em 6º lugar) pode vir a ser declarado vencedor, porque os que o precederam estiveram já todos envolvidos em casos de doping, não sinto qualquer orgulho. Sinto nojo, porque mandava o bom senso que a comunicação social se calasse.
Quando vejo um desportista correr o risco de perder todos os seus títulos, com base em testemunhos, tenho medo, porque percebo o alcance da caça às bruxas e o poder que elas têm.