Ainda há quem acredite que na homilia do último domingo, Marcelo cometeu uma gaffe ao acusar Sócrates de ser o responsável pelo roubo do 13º mês. Confesso que também fui no engodo, mas já percebi que fui enganado.
Tudo aquilo foi encenado para desviar atenções do Relvas, em vésperas de rentrée governativa. Não saiu muito bem, porque a comunicação social fez-se distraída e não deu importância ao assunto.
A ida de António Borges à TVI, para anunciar a concessão do serviço público foi também concertada, para que as pessoas ficassem com a ideia de que o conselheiro do governo ultrapassou as suas competências. Só tenho algumas dúvidas se o CDS sabia da marosca...
Mas qual foi o objectivo do governo ao lançar Borges no tabuleiro de xadrez?
Nada mais, nada menos, do que retirar impacto às notícias da véspera sobre o buraco de três mil milhões nas receitas.
Essa foi a pior notícia para o governo desde que tomou posse. A sua discussão na opinião pública mina por completo a credibilidade do governo e era por isso necessário arranjar, rapidamente, um facto que desviasse as atenções.
Trazer para o centro da discussão a RTP, entregando a tarefa do anúncio a Relvas seria meter novamente o ministro trafulha no centro do caldeirão. Avançar com o bispo Borges, teria um duplo efeito: centrar as atenções da opinião pública no facto de a decisão do governo ser anunciada por um funcionário de perfil dúbio, dado defender em simultâneo interesse públicos e privados, e conseguir que a privatização da televisão pública ofuscasse a discussão sobre o falhanço do programa do governo. O êxito da estratégia está bem visível nas primeiras páginas dos jornais.
A oposição mordeu o isco e passou também o dia inteiro a condenar Borges e o modelo apresentado pelo governo para a RTP, quando devia estar a discutir o essencial: o falhanço rotundo da política económica e financeira do governo.
Não, meus amigos, não acreditem em gaffes! Isto é uma estratégia bem urdida, aprendida com os gangs de criminosos da mais fina estirpe e do terrorismo mais sofisticado. Quando querem assaltar o banco X, os criminosos desviam as atenções da polícia, fazendo-a acreditar que o seu alvo é outro. A mesma estratégia é seguida por grupos terroristas e, desgraçadamente para nós, por este governo.
Querem mais um indicador de que se trata de estratégia? Então vão ler os blogs do relvismo e do passos coelhismo e vejam como eles se mantêm em silêncio sobre estas questões.
Enquanto os meus caros leitores estão a ler este post, estão esses blogers contratados pelo governo a peso de ouro para os gabinetes, a rir à socapa porque a oposição caiu infantilmente na estratégia do governo e foi atrás do isco errado.
Estejam atentos quando surgir uma nova gaffe...