Já era sabido há muito tempo…
O sr. Pedro compra livros que não lê.
O sr. Pedro diz que leu livros que não existem.
No entanto, ontem, lá foi com um séquito de seguranças à feira do livro acompanhar a D. Laura que, depois de perder a promoção do Pingo Doce, não podia deixar escapar esta.
Um grupo de cãezinhos amestrados com carteira de jornalista- andavam ali certamente por acaso- estendeu-lhe os microfones com o objectivo de passar para a opinião pública uma imagem humana e culta do sr. Pedro. Mas- ó incúria!- fizeram-lhe uma pergunta sobre livros!
O sr. Pedro respondeu que a sua última e temporalmente distante leitura foi sobre Singapura. Não se recordava do título – o que não é de espantar, porque o Relvas também não se lembra do conteúdo dos mails que lhe eram enviados pelo Carvalho das Secretas- mas o autor, afirmou, é o presidente de Singapura.
O titular do cargo em Singapura não manda rigorosamente nada, é apenas um bibelot que serve para embelezar o arremedo de democracia singapurenha. Poderia por isso, o tal presidente, seguir o exemplo do nosso Aníbal e dedicar o seu tempo a escrever uns Roteiros mas terá, porventura, outros passatempos para se ocupar, pelo que não se lhe conhece qualquer obra publicada.
O sr. Pedro terá, eventualmente, confundido uma qualquer epístola com um livro, o que também não é raro no okupa de S. Bento…
Singapura é uma próspera cidade estado, que se alcandorou nos anos 80 à condição de tigre asiático, graças a um desenvolvimento pujante. Os seus habitantes vivem obcecados pela ordem, pela limpeza e pela higienização. Dizem que é uma democracia parlamentar, mas é governada pelo mesmo partido há mais de 50 anos e neste período apenas conheceu três primeiros ministros.
O sr. Pedro diz que "
Singapura tem um regime autocrático que não é exactamente o que desejamos para Portugal", mas que “
o livro é muito inspirador”. Retenho o sentido dúbio de
“exactamente”.
Estive diversas vezes em Singapura e, confesso, gostaria que os portugueses tivessem o mesmo nível de vida e gozassem das mesmas regalias: ensino e saúde gratuitos, pleno emprego, inexistência de miséria ou fome ( nunca vi um pedinte…)
Portanto, deve ser este sentido do “exactamente” que o sr. Pedro não aprecia em Singapura. Para ele, pessoas a viver com qualidade de vida não deve ser exemplo para ninguém. Já o regime autocrático deve ter sido o seu motivo de inspiração.
Quando regressava à viatura (seria oficial?) conduzida por um motorista ( dos que ganham 2 mil euros por mês?) alguns Indignados dirigiram-lhe a palavra. Chamaram-lhe ladrão e disseram que devia estar na prisão. O sr Pedro ficou ofendido. Disse que tinha sido insultado. Os cãezinhos amestrados mostraram as suas habilidades. Nas notícias que foram para o ar, bateram palmas ao sr. Pedro e apuparam os Indignados. (Coitados... ainda acreditam que a ração grátis que regularmente lhes é oferecida não é da Pet Shop e há almoços grátis!)
Em matéria discursiva, o sr. Pedro oscila entre Hitler e Groucho Marx. Em pose de Estado, entre Salazar e o rei D. Carlos.
Por agora, está com sorte. Não consta que ande por aí algum Buíça indignado, disposto a passar das palavras aos actos.