O enredo da novela produzida por S. Caetano e S. Bento, tendo como protagonistas Pedro Passos Coelho, Vítor Gaspar, Carlos Moedas , Jorge Moreira da Silva e Peter Weiss como
guest star,
está aqui muito bem explicado.
Acrescentaria, porém, que ao garantir a retribuição faseada dos subsídios de férias e de Natal, apenas em 2015, Pedro Passos Coelho está implicitamente a admitir duas coisas:
-Portugal vai ter mesmo necessidade de um novo pedido de ajuda externa para além de 2013 ( caso contrário, os subsídios deveriam ser devolvidos na íntegra em 2014)
- Em 2014 –ano que antecede novo acto eleitoral- o governo prepara-se para enganar mais uma vez os portugueses, prometendo coisas que nunca irá cumprir.
Pedro Passos Coelho mente com tanta naturalidade, que acredita nas suas próprias mentiras , mas na entrevista dada ontem à RR, caiu numa armadilha que o desmascarou. Quando a jornalista lhe perguntou se não equacionava a hipótese de integrar os subsídios de férias e de Natal nos vencimentos ao longo de 12 meses, o PM disse que essa era uma hipótese a considerar. Ora isso significa, obviamente, o fim dos subsídios, mas não só! Se incorporar esse valor nos 12 salários está a criar a falsa ilusão de que aumentou os salários. E como o tuga come tudo o que lhe põem à frente... mastiga, engole e ainda arrota satisfeito, comida estragada.
O à vontade com que PPC debita mentiras teria feito dele um excelente vendedor de automóveis ( sem ofensa para esses profissionais) ou um vendedor de banha da cobra contrafeita na Feira do Relógio. Para nosso azar acabou em PM…
A campanha promocional da sua imagem desenvolvida pela imprensa, permitiu-lhe ganhar a credibilidade de pessoa séria e honesta. Por isso, sente-se legitimado para dizer ao Tribunal Constitucional que vai fazer uma coisa, sabendo de antemão que vai fazer outra. Ontem, descaiu-se. Se os juízes do TC tiverem ouvido a entrevista e forem gente séria, terão percebido que andam a ser enganados pelo governo e agirão em conformidade.
PPC é também exímio na arte do gamanço, o que me faz lembrar “O Ladrão de Casaca” um velho filme de Hitchcock, onde o ladrão galanteador se esforça por demonstrar que não foi ele o autor de um roubo de jóias na Riviera francesa.
As contradições visíveis nas declarações proferidas por vários membros do governo, quanto a esta matéria dos subsídios, revelam que PPC quer ser ilibado em 2015, atirando as culpas para cima dos seus colaboradores. Nessa altura, porém, já os tugas se terão deixado enganar mais uma vez, legitimando o roubo e absolvendo o réu.
Quando discordam das decisões dos juízes, os tugas gostam de fazer justiça pelas próprias mãos, mas quando a lei lhes confere essa possibilidade, ou baldam-se e não votam, ou batem palmas aos corruptos e criminosos . No fundo, no fundo, o que os tugas gostariam era de ser como eles.
Em tempo: PPC disse há dias, numa entrevista a Judite de Sousa, que o gamanço de 5% nos salários dos funcionários públicos e nas reformas dos pensionistas não era da sua responsabilidade. É verdade. No entanto Judite não lhe perguntou – como era dever de qualquer jornalista atento -por que razão ele não restituiu o produto desse roubo. E a verdade é que ninguém fala nisso, o que me leva a acreditar que o gamanço de 5% de salários, determinada por Sócrates, se vai tornar eternamente provisório. Admiram-se se o mesmo acontecer com os subsídios? Eu não!