Já aqui escrevi , há tempos, que o grande problema deste governo é Portugal ser habitado por pessoas. Governassem estes gajos em Marte, na Lua, ou em Plutão ( o local ideal para ser governado pelos Irmão Metralha) e seriam eleitos com 99% dos votos.
Infelizmente para eles e para nós caiu-lhes em sorte, por escolha de uns quantos portugueses néscios e mal intencionados, governar Portugal, um país que, embora sendo dos mais pequenos da Europa, ainda alberga 10 milhões de almas. E se 10, 100 ou 800 milhões não é número que atrapalhe este governo, quando se trata de oferecer euros a Mira Amaral, já é uma grande dor de cabeça quando se trata de seres humanos. Para quem estava habituado a governar agregados populacionais de 4 ou 5 pessoas ( mais os cães e os gatos), 10 milhões de pessoas é número estratosférico. Daí, que para solucionar o problema se tenham lembrado de mandar os jovens emigrar.
Dizem as estatísticas que a medida teve resultados positivos, já que a emigração em Portugal subiu a níveis que já não se conheciam desde os anos 60. Só que a emigração dos jovens não é suficiente para resolver os problemas do país, porque estes malandros são muito diferentes dos emigrantes dos anos 60 e assim que se apanham lá fora fazem um manguito às Finanças e deixam de aplicar as poupanças nos bancos portugueses.
Assim, para atingir os seus objectivos, o governo precisa também de se ver livre desse pesado fardo que são os velhos, uma cambada de parasitas que, só pelo facto de terem trabalhado durante 40 anos e feito os descontos estabelecidos por lei, se julga no direito de exigir reformas. Uns chulos, é o que eles são!
Já alvitrei aqui a hipótese de o governo aplicar uma injecção atrás da orelha a cada velho, para se ver livre desses seres incómodos e tão nefastos à evolução da sociedade moderna preconizada pelos ultra-liberais. Embora já tenha lido por aí que o governo estuda a possibilidade de tornar obrigatória a vacinação contra a gripe aos maiores de 65 anos ( uma medida inovadora de aplicação de injecções letais) D. Manuela (Ferreira Leite) , um bocado mais sádica, sugeriu que a saúde só fosse prestada a quem tiver dinheiro para a pagar e o ministro da contabilidade pública, com o apoio do ministro da Vespa, cortaram os subsídios e as reformas, no intuito de matar os velhos à fome.
A ideia parecia boa, mas os mercados e a troika encontraram-lhe um defeito: demora muito a produzir efeitos. Gaspar bem argumentou que no último Inverno a medida tinha sido eficaz, porque já há décadas não se via uma chacina de idosos tão volumosa como este ano e isso só tinha sido possível porque os velhos, não tendo dinheiro para pagar o aquecimento, nem para comprar medicamentos que os aliviem do mal, foram morrendo a um bom ritmo.
Imperturbável, a troika exigiu mais. O governo obedeceu, cortando mais benefícios sociais aos velhos e, cereja no topo do bolo, decretou à boa maneira nazi que de futuro haverá doentes de primeira e de segunda. Os ricos terão direito a medicamentos caros para curar doenças como o cancro, mas os pobres terão de se contentar com umas mixórdias baratas. Certamente menos eficazes no tratamento, caso contrário, não seriam mais baratas, obviamente…
Com estas medidas o governo espera satisfazer as exigências da troika, mas se as sanguessugas de Bruxelas e Washington continuarem insatisfeitas, não me admirarei se o governo equacionar a hipótese de instalar uns fornos crematórios para incineração dos que ousem afrontar a lei da vida e consigam sobreviver para além da idade da reforma.