quarta-feira, 28 de março de 2012
Lá vamos cantando e rindo...
O ministro da educação, apontado por muitos como o génio da lâmpada deste governo, decidiu voltar a introduzir o exame da 4ª classe. Não percebo os propósitos nem vantagens de tal medida, mas tenho a certeza que os futuros examinandos terão a tarefa mais facilitada em relação aos exames do meu tempo. Pelo menos já não serão sujeitos a perguntas complexas sobre os caminhos de ferro. No meu tempo tinha de saber os caminhos de ferro e respectivos ramais de Angola, Moçambique e sei lá mais o quê, conhecimentos que, como devem calcular, me foram de grande utilidade na vida. Hoje essa tarefa está facilitada, porque em breve os caminhos de ferro se reduzirão ao eixo- Porto/Lisboa/ Faro, acrescidos dos ramais Sines/Badajoz e Aveiro/Vilar Formoso.
Em História, a tarefa também estará facilitada. Em vez de decorarem os nomes e cognomes dos reis de Portugal, serão apenas obrigados a saber o nome de três aprovados pela nomenclatura laranja:
Pedro, o SalvadorCavaco, o Bocas
Sócrates, o Traidor
Os grandes heróis da História de Portugal, reescrita pela nomenclatura laranja, serão também apenas três: Alexandre Soares dos Santos, Ângelo Correia e o Professor Pintelho, também conhecido por Catroga .
Como figuras lendárias da nossa História, os alunos da 4ª classe terão de saber o nome dos amigos de Cavaco: Dias Loureiro, Oliveira e Costa e Duarte Lima.
Na aritmética, a máquina de calcular resolverá os problemas mas, se avariar, os alunos podem consultar o relatório e contas da Madeira utilizado por Alberto João Jardim nos últimos 30 anos.
Já, na geografia, os nomes de rios serão substituídos por barragens, SCUTs e dependências de bancos.
Não existindo agricultura, nem pescas, por obra e arte de D. Cavaco, os alunos estão desobrigados de saber o que se cultiva em Portugal, para além de cannabis, e aprenderão que os hamburguers não nascem nas árvores e descendem das vacas.
Não percebo a razão de a nota de exame da 4ª classe vir a contar para a média final, mas a medida parece-me insuficiente para satisfazer os desígnios deste governo cuja ambição, no concernente ao ensino, é limitar a admissão às Universidades dos filhos de gente com pedigree. Não social, mas económico, o que permitirá a qualquer burgesso com apenas um neurónio obter uma licenciatura, paga com cheques pré datados.
Pergunto: não seria então muito mais fácil vender os cursos à nascença, em vez de obrigar os filhos dessa gente a arrastar-se penosamente pelos bancos das escolas e universidades, para onde se deslocam em motoretas de alta cilindrada e carros de espavento? Poupava-se no pagamento aos professores, na construção de escolas e acabava-se a polémica em torno da Parque Escolar. Além disso, na hora do registo, a criança poderia ser logo baptizada com o título académico. Os padres passariam a tratar as crianças não simplesmente por Maria, ou Pedro, mas por drª Maria ou engº Pedro. Quem não tivesse estes títulos, ficava logo segregado à nascença, organizando-se assim a sociedade portuguesa em castas, ao jeito indiano, mas modernaço. A medida até podia ter efeitos retroactivos. pois assim poderia chamar-se ao ministro plenipotenciário deste governo, dr. Miguel Relvas.
Pensando bem, talvez não fosse boa ideia. Como é que sobreviveriam as escolas e universidades privadas, se não tivessem alunos?
Viva então o exame da 4ª classe e o genial ministro Crato cujo nome nada tem a ver com o do Prior, porque a sua freguesia é a geração do Estado Novo .
Esta medida do génio Nuno não é política. É mais uma medida ideológica igual a outras que o governo prometeu e vai paulatinamente concretizando, sem que os portugueses reajam. Um dia, ao acordar, vão perceber que as filhas que sonharam doutoras vão ser empregadas domésticas e voltarão a meter cunhas ao contínuo de um secretário , para arranjar um lugarzito numa repartição esconsa de um ministério, ao filho desempregado.
A bem da Nação!Porto Sentido
A notícia quase me passava despercebida, mas ainda vou a tempo de me congratular com a escolha da minha cidade do Porto como "Melhor Destino Europeu 2012"
Ainda há muita gente em Lisboa que não conhece o Porto, ou que diz não gostar da cidade. Talvez esta distinção ajude a repensar melhor uma cidade mal amada por muitos portugueses. Em ano de crise, o destino Porto pode ser uma excelente alternativa para férias.
Lisboa ficou em 8º lugar.Lágrima de preta
Encontrei uma preta
que estava a chorar,
pedi-lhe uma lágrima
para a analisar.
Recolhi a lágrima
com todo o cuidado
num tubo de ensaio
bem esterilizado.
Olhei-a de um lado,
do outro e de frente:
tinha um ar de gota
muito transparente.
Mandei vir os ácidos,
as bases e os sais,
as drogas usadas
em casos que tais.
Ensaiei a frio,
experimentei ao lume,
de todas as vezes
deu-me o que é costume:
Nem sinais de negro,
nem vestígios de ódio.
Água (quase tudo)
e cloreto de sódio.
(António Gedeão)
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