Jean Claude Juncker – presidente do Eurogrupo- chegou à conclusão que a receita aplicada à Grécia foi errada e não resultou, sendo necessário fazer ajustamentos que permitam o crescimento económico.
Também Paul Thomsen – o homem do FMI que andou por cá a conhecer as praias e agora é chefe da missão na Grécia – admitiu, “olhando para trás”, que as soluções deveriam ter sido diferentes, evitando o aumento de impostos e acelerando a redução da despesa pública.
Ainda há-de chegar o dia em que ambos irão dizer, expressamente, que a redução dos salários foi um erro crasso, porque o efeito imediato dessa medida foi reduzir o consumo interno e o asfixiar de centenas de pequenas e médias empresa, com o inevitável aumento do desemprego.
Não percebo – mas deve ser problema meu - como é que estes tipos que andaram a estudar em excelentes Universidades, ganham rios de dinheiro e usam a auréola de sábios, não perceberam aquilo que o sr. Casimiro, dono da mercearia daqui do bairro, ou o sr. Gervásio, proprietário de um restaurante na zona das Avenidas Novas, perceberam em 24 horas, apesar de terem como únicos estudos a quarta classe tirada à pressa.
A esta gente que atravessa a Europa várias vezes ao ano, viajando em executiva, come em restaurantes de luxo, dorme em hotéis de cinco estrelas e exibe canudos das melhores universidades, falta-lhe um diploma fundamental: o da escola da vida.
Todas as suas decisões assentam em fórmulas matemáticas, equações complexas, desvios padrões e curvas de Gauss mas eles não percebem que as regras da vida dos cidadãos se baseiam apenas na contabilidade do DEVE e do HAVER e que foram eles, com toda o seu saber académico que desequilibraram as contas, ao incentivar o crédito a taxas de juro baixas e o sobreendividamento das famílias. Nessa altura, o seu objectivo era fortalecer os bancos , porque acreditavam que isso seria bom para dinamizar a economia. Se tivessem perguntado ao sr. Casimiro, ele teria de imediato respondido “ não vão por aí, porque isso vai dar merda”. E deu!
O reconhecimento dos erros da troika vem demonstrar também, algo que não devemos esquecer: se Portugal tivesse pedido ajuda mais cedo, já estaríamos na situação da Grécia, o que vem demonstrar que quando PPC , Cavaco, Medina Carreira, Vítor Gaspar e os mixordeiros que nos estão a conduzir para o abismo, dizem que devíamos ter pedido ajuda há mais tempo, estão a cometer o mesmo erro dos sábios da troika e a vender gato por lebre.
Vítor Gaspar teria agora oportunidade de corrigir o erro e exigir à troika o reajustamento do programa. O problema é que este governo não está interessado nisso, por uma razão muito simples: a sua política assenta em bases ideológicas que visam promover o empobrecimento dos portugueses e aumentar as desigualdades, favorecendo o capital. Como se viu com os casos da Lusoponte e da EDP, ou no empréstimo sem juros ao BPN vendido ao desbarato e em circinstâncias que até à União Europeia estão a levantar grandes dúvidas.