Os sul-americanos sempre tiveram uma grande nostalgia pela Europa. Para a maioria dos brasileiros, argentinos, chilenos ou uruguaios, uma viagem à Europa constitui quase uma obrigação. Para conhecer a terra dos seus antepassados, mas também para contactar de perto com uma cultura que sempre admiraram e uma qualidade de vida que noutros tempos invejaram.
Hoje em dia, tenho a percepção de que muitos sul-americanos viajam até à Europa com uma visão bastante diferente do Velho Continente que povoou os sonhos da maioria. Vão em visita a uma avó velhota, com a (quase) certeza de que a verão pela última vez. Alguns não resistirão a dar-lhe alguns conselhos, talvez até se condoam com as suas dificuldades e lhe ofereçam uma esmola mas, na hora de regressarem a casa, trazem a sensação de perda de um ente querido, para quem hoje olham com admiração pelo seu passado e nostalgia pelas histórias de fadas que lhes contavam antes de adormecer. Talvez se sintam orgulhosos por terem aprendido com ela a viver em democracia, mas não deixarão de lamentar a forma como se degradou com a idade e esqueceu os princípios em que se moldou desde o nascimento.