Já terminou o Natal. Este ano, por causa da crise, durou apenas o tempo de um fim de semana, porque a vida não está para andar muito tempo a fingir que somos solidários.
Amanhã a vida voltará à normalidade e as pessoas desprender-se-ão do espírito natalício. Voltarão a ser egoístas e mesquinhas, os nossos governantes anunciarão novas medidas de austeridade para quem trabalha e mais benefícios para quem nos explora.
O mais tardar na próxima semana Paulo Portas voltará a desaparecer, retomando a sua vida de caixeiro viajante e Gaspar, perdida a pista de Belchior e Baltazar, volta a engendrar esquemas para nos ir ao bolso.
O boca de brioche voltará aos discursos idiotas, o Álvaro anunciará mais umas medidas para fazer crescer a economia, mas continuará a guardá-las na gaveta, o Mota da Vespa tirará da cartola mais umas quantas medidas assistencialistas e apelará à caridadezinha enquanto o Relvas retomará a sua verborreia oca, seguindo os conselhos dos seus speech writers, ainda anestesiados pelos vapores etílicos da época natalícia.
Preparemo-nos então para o ano de 2012 que o Adamastor anunciou como o ano em que iremos dobrar o Cabo das Tormentas.Logo nos havia de cair em sorte um ano bissexto, para levar a bom termo tão difícil empreitada. O mais provável é que não a concluamos com sucesso e os resistentes estejam daqui a um ano a lamentar o insucesso, mas a prometer que em 2013 é que será. Nem se aperceberão que o ano que se segue a este bissexto termina em 13, número que já nem no Totobola é sinónimo de sorte, pelo que a saída da crise deveria ser anunciada desde já para o segundo semestre de 2014, ano que precede um novo ciclo eleitoral.