
Georges Papandreou
Se a memória não me falha, o senhor é o terceiro estrangeiro a figurar na prestigiada rubrica “Figura da Semana” deste Rochedo. Anteriormente, só Lula da Silva e Marina Silva mereceram esse destaque. Nem a minha querida Cristina Kirchner teve ainda esse privilégio, pelo que deve perceber como é difícil, a uma personalidade estrangeira, entrar no rol dos eleitos.
No entanto, o senhor merece a distinção porque, na verdade, “tem-nos no sítio” e jogou uma cartada de mestre ( não confunda com o dos Caramelos Vaquinha do post anterior, porque esse apesar de se escrever com maiúscula, é uma figura menor e caricata).
Ao decidir fazer um referendo não tirou o “cavalinho da chuva” como alguma direita blogueira anda aí a clamar, com o apoio de alguns socialistas.
O que o meu amigo fez, foi mostrar à Europa que não admite que o povo grego continue a ser humilhado e o seu país, pátria da democracia, perca a independência durante as próximas décadas. E não me refiro apenas às ordens ditadas pelos mercados, pela boca da dupla franco-alemã. Ao demitir as chefias militares o senhor disse à Europa que estava em preparação um golpe militar na Grécia. Duvido que na Europa actual haja algum país preocupado com o facto de um dos seus membros ser governado por uma Junta Militar e correr o risco de ser submetido a uma ditadura. Andam tão preocupados com os mercados, que fingiram nem perceber a sua mensagem.
Com a sua decisão pretendeu mostrar a todos os que ainda não perceberam, que “o rei vai nu” e obrigar a duplaMerkel Sarkozy e outros idiotas que governam a Europa a reconhecer isso. Agora estão todos muito envergonhados…andaram anos a encanar a perna à rã e de repente aparece alguém com eles no sítio a dizer “ Ora vamos lá a ver se se comportam com juízo, mostram os podres da Europa e abdicam do sistema abjecto em que ela se está a refundar. Ou a Europa assume que é uma democracia e o povo é quem mais ordena, ou admite que se vendeu por inteiro ao capital, deixando-se colonizar pelos mercados. Eu, enquanto primeiro ministro da Grécia, pátria da democracia, não estou disposta à humilhação de ver o meu país colonizado, nem sob o jugo militar, por isso entrego a decisão ao meu povo”.
Se os gregos aceitarem as imposições da Europa, deixa de haver razões para a contestação interna. Se não aceitarem, a Europa que se decida. Ou muda de rumo, ou rebenta com o Euro, ou implode, o que é a mesma coisa. Só que a liderança europeia, percebendo os seus intuitos, quer decidir qual será a pergunta que o senhor deve fazer em referendo, porque tem medo de enfrentar uma nega dos gregos que ponha uma pedra sobre a Europa e a moeda única.
Eu já aqui tinha escrito que a União Europeia não chegaria ao Natal de 2012, mas agora acredito que nem sequer chegue ao Carnaval. Um alívio para o governo da Tugalândia, que anda com medo de acabar com a tolerância de ponto na terça –feira do dito, porque se lembra que foi nesse dia que Cavaco se despediu da função de primeiro-ministro. É que para cumprirem o seu plano de ódio contra os portugueses, eles precisam de pelo menos quatro anos.
Meu caro Georges Papandreou, obrigado por ter mostrado à Europa que ainda há socialistas no poder que “os têm no sítio”, mas pedia-lhe um favor… pode enviar um e-mail ao Seguro que dirige o PS tuga, a dizer-lhe que deve votar contra o OE de fome programado pela Santíssima Trindade ( Coelho, Gaspar e Álvaro) em exercício nesta baiuca?
Só mais uma coisinha… Não faço a mínima ideia como vai descalçar esta bota. Com ou sem referendo, votem os gregos contra ou favor, serão sempre os actores e vítimas de uma tragédia grega. Mas você lá sabe o que anda a fazer e, certamente, terá outro trunfo na manga, antes de a Europa fazer “Harakiri”.