
Numa época em que as jovens gerações europeias e norte-americana olham para o futuro sem esperança, é reconfortante saber que num longínquo país sul-americano há uma geração cheia de esperança no futuro, conhecida por Geração K.
Não, não é a geração que escreve Kuando, Kero ou Kompanheiro. É uma geração argentina, pós Corralito, grata a Gustavo e Cristina Kirchner por lhes ter devolvido a esperança num futuro melhor.
Em 2001, quando a Argentina mergulhou numa gravíssima crise económica e financeira, em resultado das políticas do ministro das finanças Caballo e da falta de escrúpulos do presidente Menem, os governos argentinos sucederam-se a uma velocidade vertiginosa. Chegou a haver dias marcados pela tomada de posse de três governos.
A Argentina estava a ferro e fogo, Buenos Aires parecia uma cidade a viver um período pós-guerra, os assaltos de populações famintas a supermercados eram uma constante, os ataques das populações aos bancos foram marcados, não raras vezes, por cenas de enorme violência, o lixo amontoava-se nas ruas que se assemelhavam a campos de batalha. Assisti a boa parte destes acontecimentos e, quando no aeroporto de Ezeiza apanhei o avião para regressar a Portugal, não pude conter as lágrimas, porque pensei que a "minha" Argentina ia mergulhar no caos e os militares se voltariam a aproveitar da situação, para impor uma nova ditadura
O período de turbulência civil conheceu uma acalmia quando o então desconhecido Nestor Kirchner assumiu a liderança do governo, enfrentou o FMI, os Estados Unidos e as oligarquias internas que ainda suspiravam pela ditadura.
Os agentes da ditadura ( entre os quais se encontravam muitos membros do clero) responsáveis por milhares de mortos e desaparecidos, começaram a ser julgados e condenados e, num gesto simbólico mas que os argentinos interpretaram como um sinal de mudança, retirou o quadro do ditador Videla da Casa Rosada ( sede do governo).
Nestor Kirchner devolveu aos argentinos a credibilidade na política, que eles tinham perdido com Caballo, Menem e os políticos "democratas" que se seguiram à ditadura, mas nunca tiveram coragem de afrontar os militares , nem o poder económico e financeiro que continuou a dominar o país.
A população foi sujeita a enormes sacrifícios mas, volvida uma década, tem esperança no futuro. Quando Nestor Kirchner morreu, a Argentina tinha começado a recuperar o seu estado social e, apesar de os destinos do país já estarem entregues à sua mulher Cristina, o país chorou a morte de Nestor Kirchner como se ele ainda fosse o seu presidente.
Enquanto a imprensa europeia e norte-americana enchia páginas de jornais a desacreditar as capacidades de Cristina Kirchner, ela ia conquistando o coração dos argentinos. Criando emprego, melhorando o estado social, promovendo a inclusão, preocupando-se com os mais desfavorecidos e, seguindo as pisadas do marido, enfrentando os mais poderosos.
Dir-se-á que a família Kirchner, já política e financeiramente poderosa quando chegou ao poder, tem hoje um peso demasiado forte em todo o aparelho do Estado. Será… mas quantas famílias políticas dominam o poder em Portugal há três décadas e a única coisa que fizeram, foi desbaratar o país?
Acredito que quando os argentinos sentirem que o poder dos Kirchner se pode estar a tornar perigoso, não vão ficar à espera do desmoronar das esperanças. A memória da ditadura ainda está bem presente naquele povo e o governo é o primeiro a dar o exemplo, para que a memória de uma época tão dramática e sangrenta da história azul-celeste seja transmitida aos mais jovens.
Estes são os factos. Determinantes para que Cristina Kirchner, acossada pela direita conservadora, obrigada a enfrentar gravíssimos problemas que lhe foram colocados durante o seu mandato pelos interesses económicos e financeiros que resistem à capitulação, tenha sido ontem reeleita Presidente da Argentina, com larga maioria. A vantagem mais dilatada ( 54%) obtida por um candidato, desde o ano de 1983, que marcou o fim da ditadura e o regresso à democracia. Em segundo lugar ficou o candidato da Frente Progressista Hermes Binner, com menos de 17 por cento.
A Geração K , esperançada no futuro do país, avalizou , sem tibiezas, a política de Cristina Kirchner, num acto eleitoral muito participado, onde a abstenção rondou os 24 por cento.
Que bom seria se por cá os jovens pudessem depositar a mesma esperança no futuro e eu pudesse escrever com o mesmo entusiasmo, sobre os governantes que conduzem os nossos destinos. Sonhar não custa...
Não, não é a geração que escreve Kuando, Kero ou Kompanheiro. É uma geração argentina, pós Corralito, grata a Gustavo e Cristina Kirchner por lhes ter devolvido a esperança num futuro melhor.
Em 2001, quando a Argentina mergulhou numa gravíssima crise económica e financeira, em resultado das políticas do ministro das finanças Caballo e da falta de escrúpulos do presidente Menem, os governos argentinos sucederam-se a uma velocidade vertiginosa. Chegou a haver dias marcados pela tomada de posse de três governos.
A Argentina estava a ferro e fogo, Buenos Aires parecia uma cidade a viver um período pós-guerra, os assaltos de populações famintas a supermercados eram uma constante, os ataques das populações aos bancos foram marcados, não raras vezes, por cenas de enorme violência, o lixo amontoava-se nas ruas que se assemelhavam a campos de batalha. Assisti a boa parte destes acontecimentos e, quando no aeroporto de Ezeiza apanhei o avião para regressar a Portugal, não pude conter as lágrimas, porque pensei que a "minha" Argentina ia mergulhar no caos e os militares se voltariam a aproveitar da situação, para impor uma nova ditadura
O período de turbulência civil conheceu uma acalmia quando o então desconhecido Nestor Kirchner assumiu a liderança do governo, enfrentou o FMI, os Estados Unidos e as oligarquias internas que ainda suspiravam pela ditadura.
Os agentes da ditadura ( entre os quais se encontravam muitos membros do clero) responsáveis por milhares de mortos e desaparecidos, começaram a ser julgados e condenados e, num gesto simbólico mas que os argentinos interpretaram como um sinal de mudança, retirou o quadro do ditador Videla da Casa Rosada ( sede do governo).
Nestor Kirchner devolveu aos argentinos a credibilidade na política, que eles tinham perdido com Caballo, Menem e os políticos "democratas" que se seguiram à ditadura, mas nunca tiveram coragem de afrontar os militares , nem o poder económico e financeiro que continuou a dominar o país.
A população foi sujeita a enormes sacrifícios mas, volvida uma década, tem esperança no futuro. Quando Nestor Kirchner morreu, a Argentina tinha começado a recuperar o seu estado social e, apesar de os destinos do país já estarem entregues à sua mulher Cristina, o país chorou a morte de Nestor Kirchner como se ele ainda fosse o seu presidente.
Enquanto a imprensa europeia e norte-americana enchia páginas de jornais a desacreditar as capacidades de Cristina Kirchner, ela ia conquistando o coração dos argentinos. Criando emprego, melhorando o estado social, promovendo a inclusão, preocupando-se com os mais desfavorecidos e, seguindo as pisadas do marido, enfrentando os mais poderosos.
Dir-se-á que a família Kirchner, já política e financeiramente poderosa quando chegou ao poder, tem hoje um peso demasiado forte em todo o aparelho do Estado. Será… mas quantas famílias políticas dominam o poder em Portugal há três décadas e a única coisa que fizeram, foi desbaratar o país?
Acredito que quando os argentinos sentirem que o poder dos Kirchner se pode estar a tornar perigoso, não vão ficar à espera do desmoronar das esperanças. A memória da ditadura ainda está bem presente naquele povo e o governo é o primeiro a dar o exemplo, para que a memória de uma época tão dramática e sangrenta da história azul-celeste seja transmitida aos mais jovens.
Estes são os factos. Determinantes para que Cristina Kirchner, acossada pela direita conservadora, obrigada a enfrentar gravíssimos problemas que lhe foram colocados durante o seu mandato pelos interesses económicos e financeiros que resistem à capitulação, tenha sido ontem reeleita Presidente da Argentina, com larga maioria. A vantagem mais dilatada ( 54%) obtida por um candidato, desde o ano de 1983, que marcou o fim da ditadura e o regresso à democracia. Em segundo lugar ficou o candidato da Frente Progressista Hermes Binner, com menos de 17 por cento.
A Geração K , esperançada no futuro do país, avalizou , sem tibiezas, a política de Cristina Kirchner, num acto eleitoral muito participado, onde a abstenção rondou os 24 por cento.
Que bom seria se por cá os jovens pudessem depositar a mesma esperança no futuro e eu pudesse escrever com o mesmo entusiasmo, sobre os governantes que conduzem os nossos destinos. Sonhar não custa...