
Os jovens que viajam no Metro levam computadores portáteis. Talvez em casa tenham atendedores de chamadas, um televisor no quarto se viverem com os pais, ou no quarto dos filhos, se forem casados. Quando à noite chegarem a casa, fora de horas porque tiveram de fazer horas extraordinárias, vão ao frigorífico, pegam numa refeição pré-cozinhada e preparam-na no micro-ondas porque vivem sozinhos ou a família já jantou há muito. Depois, talvez vejam um pouco de televisão, ou se liguem à Internet e conversem com amigos e desconhecidos nas redes sociais.
Neste curto espaço de tempo, utilizaram uma série de aparelhos que ajudaram a moldar a sociedade actual e os padrões de vida que facilitaram o crescimento do individualismo e modificaram a organização social. O aparecimento de produtos facilitadores da vida independente e solitária, a variedade da oferta e a rápida obsolescência dos produtos criaram um consumidor mais exigente, mas dominado pela obsessão de consumir de acordo com os seus gostos e exigências pessoais.
Assim nasceu um consumidor tiranizado pelo prazer e pela personalização dos produtos que ( quer pelas suas características, quer pelos serviços pós-venda, quer ainda pelos upgrades que proporcionam) o distinguem do consumidor sénior, massificado pelo consumo padrão. A regra deste jogo é marcar a diferença em relação aos outros e comprar o que se quer, quando se quer, porque o dinheiro é uma mercadoria fácil e barata que permite satisfazer os desejos.
Os jovens não imaginam o mundo sem televisão, telemóvel, Internet e uma vasta parafernália de aparelhos,produtos e gadgets que ajudaram as pessoas a serem menos dependentes umas das outras; os seniores só tardiamente vieram a conhecer esses produtos, mas também os tornaram indispensáveis ao seu modo de vida.
Os jovens não imaginam o mundo sem televisão, telemóvel, Internet e uma vasta parafernália de aparelhos,produtos e gadgets que ajudaram as pessoas a serem menos dependentes umas das outras; os seniores só tardiamente vieram a conhecer esses produtos, mas também os tornaram indispensáveis ao seu modo de vida.
Os seniores viveram numa sociedade estruturada em volta da família, onde eram o centro nuclear ; os jovens talvez vivam com os pais, sejam divorciados ou vivam sozinhos, mas sabem que a negociação no âmbito familiar passa pela repartição do tempo e das tarefas.
Os jovens, apesar de ainda não terem chegado aos 30 anos, já trabalharam em quatro ou cinco empresas diferentes, sempre com contratos precários, obrigados a fazer horas extraordinárias. Aprenderam, rapidamente, que o sucesso está associado às suas capacidades, mas também à promoção que façam de si próprios no seio da(s) rede(s) em que se movem.
Os jovens, apesar de ainda não terem chegado aos 30 anos, já trabalharam em quatro ou cinco empresas diferentes, sempre com contratos precários, obrigados a fazer horas extraordinárias. Aprenderam, rapidamente, que o sucesso está associado às suas capacidades, mas também à promoção que façam de si próprios no seio da(s) rede(s) em que se movem.
Os seniores apenas conheceram uma empresa ao longo da vida, ( vá lá duas...) um patrão, fizeram a sua carreira profissional dentro da mesma especialidade e aguardam a reforma que o Estado Providência, com mais ou menos incumprimentos, lhes assegurou.
São modos de vida diferentes ( ou talvez nem tanto assim, como adiante veremos) mas com um denominador comum: Dionísio- o deus do prazer - comanda a vida de ambos.A grande diferença é que os seniores viveram numa sociedade igualmente dionisíaca, enquanto os jovens se depararam com uma sociedade onde a economia e a competitividade fecharam a porta a Dionísio, para deixar entrar Narciso.
( Continua)
Sugestão de leitura complementar: os loucos anos 20