Uma rubrica sobre o conflito de gerações? Nada disso.
Uma rubrica nostálgica de exaltação do passado? Também não.
Lembrei-me de a criar porque tive a felicidade de, durante alguns meses, animar uma tertúlia sobre o século XX com jovens entre os 18 e os 25 anos.
A pessoa que me lançou esse desafio sugeriu-me que utilizasse como guião o meu Rochedo das Memórias, trabalho publicado em 1999 e que aqui fui reeditando São 135 posts onde faço o meu retrato do século XX e que podem ler clicando na imagem da coluna da direita. Não correspondendo à versão integral, dão uma imagem da forma como me propus analisar o século XX, em 1999, num trabalho efectuado para diversas revistas portuguesas e sul-americanas.
Ao longo das sessões tertulianas, fui percebendo que a maioria dos 20 participantes tinha uma fixação nos anos 20 e nos anos 60/70. Um dia, perguntei:
- Estariam vocês dispostos a viver nos anos 20, 60 ou 70, sem usufruir dos padrões de consumo que o século XX vos proporciona? Encarariam esses períodos com o mesmo entusiasmo?
Não divulgo as respostas que obtive, enquanto não terminar esta série...
Até lá, apenas vos digo que o CR sub-30 tentará analisar as diferenças entre a sociedade de consumo de massas, que começou a emergir no final dos anos 20 do século passado e atingiu o seu apogeu no pós guerra, e a sociedade da hiperescolha em que vivemos nos últimos 15 anos.Foi essa diferença que moldou diferentes gerações.
Neste interim, o que mudou não foi o conceito de felicidade, foi o modo de a fruir. É sobre essa diferença que se falará aqui a partir de Outubro.
Antes de iniciar a rubrica irei entrar diariamente convosco numa carruagem de Metro, onde viajam quatro passageiros. Iremos ouvir as suas conversas, ver as suas reacções e comportamentos. E tentar perceber melhor o que separa um jovem de 30 anos, de um sénior com 60. Muito mais do que uma geração, é a distância entre Narciso e Dionisio.
Então até amanhã, sensivelmente a esta hora, numa estação de Metro perto de si.