

Lembro-me que a primeira vez que fiz, de alho porro na mão, o outrora obrigatório percurso Santa Catarina, Santo António, Sá da Bandeira, Av dos Aliados e outra vez Santa Catarina, Praça da Batalha, Alexandre Herculano para terminar nas Fontainhas, passei uma semana a sentir o cheiro que me impregnava as entranhas.
Depois vieram os malfadados martelinhos e, para além do cheiro, passei a ter outra preocupação: livrar-me dos zumbidos que me atazanavam os tímpanos!“Malgré tout”, a noite de S. João permanece na minha memória como um álbum de recordações inolvidáveis. São tantos os episódios vividos naquela noite, que dariam para escrever um livro de memórias.Poupo-vos à descrição. Não resisto, porém, a relembrar a imagem que todos os anos regressa neste dia.
O meu maior prazer, em noites de S. João, era ir com os meus irmãos e alguns amigos para o jardim de minha casa, logo que o sol se punha, lançar balões. Assim que o primeiro começava a subir, ficava a seguir-lhe o rasto até desaparecer. Depois, punha-me a imaginar o seu destino. Como se eu próprio viajasse dentro de cada um dos balões que lançávamos, imaginava mil viagens por cumprir.Muitas delas, cumpri-as mais tarde. Até destinos que nenhum balão de S. João poderia alcançar. Só a minha imaginação