
Há quem vá a um restaurante só para comer um bife. Embora já tenha sido grande apreciador dessa especialidade gastronómica, nunca me passou pela cabeça pedir um bife num restaurante. (Excepção, claro está, quando estou na Argentina ou no Uruguai e me deixo seduzir por um belo bife de chorizo...) A razão é simples : como bifes muito melhores em casa e muito mais baratos.
Não nego que em Lisboa se comem bons bifes fora de casa, mas apenas os comia em bares, com amigos, para acompanhar uma boa conversa. Nesses tempos, elegi os bifes do Café de S. Bento e do Old Vic como os melhores de Lisboa. Pela qualidade, mas também pela companhia. Hoje, raramente como bifes e, quando o faço, é em casa.
O segredo de um bom bife não reside apenas na qualidade da carne. É essencial cozinhar a carne no ponto que mais se aprecia. Essa coisa de pedir um bife bem ou mal passado, no ponto, ou médio mal, é uma treta. Olho para a carne e sei exactamente quanto tempo ela deve estar na frigideira ou na grelha para ficar como eu gosto.
Quanto aos molhos, embora os ache dispensáveis, pois iludem o sabor da carne, considero-me um “expert” na matéria. Confecciono vários, de acordo com o apetite do momento. Ah! E nunca ponho o “ovo a cavalo”, que considero um intruso no meio da carne suculenta e da batata frita a preceito, ou do legume grelhado. Depois, para acompanhar, nada de cervejas. Um bom tinto é o companheiro ideal para apreciar um bife como deve ser.
Mas por que raio me deu para vos falar hoje de bifes? Porque ontem me deu uma vontade enorme de comer um "bife de chorizo"num restaurante porteño da Maipú, enquanto assistia `a actuação de um casal de "tangueros" que por lá pára. Grelhado, sem molhos, acompanhado de uma bela batata assada e tomate grelhado.