Capítulo 11: Entra em cena o moço de fretes Capítulos anteriores (aqui)
Quando o telefone tocou, por volta das quatro da tarde,Amando estava com uns amigos na sauna no Hotel Shebraton. Embora o momento para ser interrompido, não fosse o ideal, Amando ficou muito sensibilizado ao constatar que Hannibal não o esquecera durante as férias...
- Olá Amando! Então vai tudo bem, por aí por Belo – Além?- As pessoas sentem a sua falta, Majestade, mas de resto está tudo bem…- Que história é essa de me estar a chamar Majestade? Você bebeu demais ao almoço, ou anda a fazer jogo duplo com o Juan Carlos?
- Nada disso, Maj… Presidente. Foi só um piropo.- Deixe-se lá dessas coisas, que já tem idade para ter juízo. Olhe, preciso que me faça um favor…
- Em que posso ajudá-lo, Senhor Presidente?- Olhe, Amando, a Maria meteu-se-lhe na cabeça que os jornalistas ainda vão para aí inventar uns mexericos por causa de eu receber a Manuela cá em casa todos os dias…
- Quer que eu fale com a senhora doutora para lhe dizer que pode estar descansada, porque Vocelência nunca a trairia?
- …Não seja idiota, não é nada disso! O que eu quero é distrair os jornalistas com outras coisas. Pensei que era capaz de ser boa ideia dizer-lhes que o palácio do Belo- Além está sob escuta do Governo. Que é que você acha?
- Bem, para ser franco, acho que isso é capaz de dar uma grande bronca, mas se o sr Presidente e a esposa acham que é boa ideia, podem contar com o Amando dos Fretes, que eu não estou aqui para outra coisa…- Então avance lá. Veja lá como é a melhor forma, mas quero que seja uma coisa credível e que entretenha os jornalistas durante o Verão.- Eu falo aí com uns amigalhaços e faço uma coisa em grande, pode crer. Até vai parecer um romance policial.- Pois, Amando, a fazer policiais é que você é bom. A minha biografia escrita por si até me faz lembrar o James Bond. Então posso contar consigo?-Com certeza Maj… senhor Presidente. Mais nada?- Olhe, se enjorcar alguma coisa que entale directamente o primeiro-ministro e levante suspeições sobre a sua honestidade, também era capaz de ser uma boa ideia. Assim uns negócios escuros e duvidosos, que dêem para por a reputação dele em causa, está a perceber?
- Como o do BPN, senhor presidente?- BPN? O que é isso? Não sei do que está a falar, Amando Fretes.-
Ah, pois, tem razão, senhor presidente. Isto é do calor. Talvez o Fripór. Deixe comigo que eu trato de tudo…-
Pronto, confio em si, faça o que lhe parecer melhor.-Esteja descansado Maj...Presidente. Continuação de muito boas férias e cumprimentos à senhora doutora…
Hannibal desligara, porque já sabia a lenga-lenga do eunuco e não lhe apetecia escutá-la. Amando dos Fretes despediu-se dos amigos à pressa e saiu para o carro que o esperava à porta.
- Para o Belo-Além, senhor doutor?- perguntou o motorista
-
Não. Vamos para o jornal “Impúdico”. Tenho que ir lá fazer um número de ilusionismo que o chefe me encomendou…Amado dos Fretes suspirou e o motorista ouviu-o dizer entre dentes.
"Em que é que me vou meter, Pai do Céu. Mas o Hannibal merece. Por ele sou capaz de fazer tudo!"(amanhã: conclusão)