Teria muito para vos dizer sobre este 2011 que, apesar de tudo, foi um bocadinho melhor do que 2010. Perdi alguma qualidade de vida como quase toda a gente, mas pelo menos não perdi pessoas que me eram queridas, como aconteceu em 2010. Dos problemas de saúde que me afectaram em 2010, felizmente este ano também não me posso queixar. Poderei dizer pois, em jeito de balanço, que este ano foi melhor do que o precedente.
O amargo de boca que sinto nestes últimos dias de 2011 é provocado por me sentir como se tivesse sido sequestrado por um grupo de bandidos que reclamam um resgate para me libertar mas, quando os seus pedidos são satisfeitos, logo avançam com novas exigências.
Ora eu sou como o Pinheiro de Azevedo, ser sequestrado é uma coisa que me chateia. Ainda mais, quando pressinto que os sequestradores não estão nada interessados em libertar-me, apenas procuram ganhar tempo até fazerem uma exigência impossível de satisfazer, para depois me liquidarem.
Os sequestradores não têm rosto, mas os seus mandantes que neste momento me vigiam, são pessoas estranhas que passam o dia inteiro a discutir estratégias para agradarem aos chefes. Não sei os seus nomes, porque se tratam por alcunhas. O Boca de Brioche ( tratam-no como se fosse líder, mas já percebi que o tipo não manda nada) , o Abafa Palhinhas que passa a vida a entrar e a sair, muito atarefado, levando e trazendo mensagens para outros grupos de sequestradores, o Seminarista que trata da contabilidade e o Fiel Jardineiro que passa o tempo, acompanhado por um séquito de lambe cús, a regar uma laranjeira anã que está a um canto da sala, mas me parece estar a morrer aos bocadinhos.
Nem é o facto de já terem quase secado a minha conta bancária ( o meu mediador que os acusa de me estarem a esbulhar, com desrespeito pelas regras éticas dos criminosos, vai satisfazendo todas as usas exigências ) que me chateia. O que realmente me deprime é o Boca de Brioche estar a destruir-me o ânimo, descapitalizando-me a esperança de sair daqui com vida.
Tinha de tomar uma decisão e arranjei um estratagema para me livrar do cativeiro nas próximas horas. Vou aproveitar os preparativos para a passagem de ano, que os mantém atarefados, e vou pirar-me. Deixo-lhes um bilhetinho a dizer que não me agrada conviver com criminosos, mando-os à merda e assim que estiver em liberdade, gritarei com todas as forças:
Ano Novo, Vida Nova!
Entretanto, aproveito para vos desejar um Feliz 2012 e marcar encontro convosco entre o final de Janeiro e meados de Fevereiro. Até lá espero ir passando por aqui, de vez em quando, para deixar a minha impressão digital.
Façam o favor de ser felizes!