
segunda-feira, 31 de janeiro de 2011
Para avivar a memória

Figura da semana
Sonhos cruzados

Santa Bárbara

Diz o povo que as pessoas só se lembram de Santa Bárbara quando troveja. Acontece o mesmo em relação ao Estado. Todos gritam "menos Estado, melhor Estado" Mas o que fazem quando o Estado defende o interesse dos contribuintes cortando nos subsídios às escolas privadas, de forma a igualá-los com o sector público? "Aqui d'el Rei que o Estado está a roubar-nos".
Depois ainda há aqueles patuscos para quem o Estado deve servir para pagar as custas judiciais dos seus crimes.
E há os empresários que vivendo quase exclusivamente de serviços prestados ao Estado, não querem que o governo interfira no negócio, porque lhes está a tirar privilégios.
Há ainda aqueles, como Manuela Ferreira Leite, que reclamam o corte dos salários dos trabalhadores, mas protestam e recorrem à litigância, argumentando que a obrigatoriedade de optar entre o salário público e as reformas, não lhes é aplicável.
Valha-nos Santa Bárbara! Eles ainda não perceberam que o Estado somos NÓS
Late night wander (25)
domingo, 30 de janeiro de 2011
O Bife

Bons exemplos
Late night wander (24)
Francamente, senhora Merkel. Em vez de alemães destes, não nos podia enviar uns euros para aliviar a crise?
sábado, 29 de janeiro de 2011
Saturday nights "on the rock"
Humor fim de semana
Para a prova final, os agentes da CIA colocaram os candidatos diante de uma porta metálica e entregaram-lhes uma pistola.
-Queremos ter a certeza de que seguem as instruções, quaisquer que sejam as circunstâncias.
Dizem então ao francês:
O inglês pegou na arma e entrou na sala.
Durante 5 minutos, tudo muito calmo.
Depois regressou com as lágrimas nos olhos.
Ouviram-se tiros, um estrondo e depois outro... A seguir ouvem-se gritos, barulhos de móveis partir, etc...
Após alguns minutos fica tudo muito calmo...
A porta abre-se lentamente e o português sai, limpa o suor e diz:
- Vocês bem me podiam ter dito que os tiros eram de pólvora seca! Tive de a matar com a cadeira...
Late night wander (23)
Se um dos grandes animadores da contestação das escolas privadas com contrato de associação é um padre de nome Querubim, percebe-se melhor a utilização de crianças nas manfestações.
sexta-feira, 28 de janeiro de 2011
Acabem com a nojeira, pá!
Desaparecidos
Por Baco e Dionísio!

Ditaduras amigas
Late night wander (22)
quinta-feira, 27 de janeiro de 2011
O ilusionista de Trapalhândia- Epílogo
- A agricultura, as pescas e os comboios
Os assessores entreolharam-se em silêncio e assim permaneceram, até que um ousou perguntar:
(FIM)
Cabeças duras
Monarquia decimal

Late night wander (21)
quarta-feira, 26 de janeiro de 2011
Santos de casa não fazem milagres

E esta, hem?
O ilusionista de Trapalhândia (11)
Capítulos anteriores (aqui)
- As pessoas sentem a sua falta, Majestade, mas de resto está tudo bem…
- Então avance lá. Veja lá como é a melhor forma, mas quero que seja uma coisa credível e que entretenha os jornalistas durante o Verão.
- Eu falo aí com uns amigalhaços e faço uma coisa em grande, pode crer. Até vai parecer um romance policial.
- Pois, Amando, a fazer policiais é que você é bom. A minha biografia escrita por si até me faz lembrar o James Bond. Então posso contar consigo?
-Com certeza Maj… senhor Presidente. Mais nada?
- BPN? O que é isso? Não sei do que está a falar, Amando Fretes.
-Ah, pois, tem razão, senhor presidente. Isto é do calor. Talvez o Fripór. Deixe comigo que eu trato de tudo…
- Pronto, confio em si, faça o que lhe parecer melhor.
- Para o Belo-Além, senhor doutor?- perguntou o motorista
- Não. Vamos para o jornal “Impúdico”. Tenho que ir lá fazer um número de ilusionismo que o chefe me encomendou…
Amado dos Fretes suspirou e o motorista ouviu-o dizer entre dentes. "Em que é que me vou meter, Pai do Céu. Mas o Hannibal merece. Por ele sou capaz de fazer tudo!"
(amanhã: conclusão)
Quem quer casar com a Carochinha?
É sobejamente conhecida a história destes jovens ex-namorados e não a vou aqui recordar. Depois de ler isto, apenas me interrogo até que ponto a ganância se pode transformar em estupidez. Jovens do meu país, fujam desta miúda!
Late night wander (20)
terça-feira, 25 de janeiro de 2011
O ilusionista de Trapalhândia (10)

Virtudes públicas, negócios privados, ou um Cacerolazo à portuguesa

A Canção do Dedinho

Late night wander (19)
segunda-feira, 24 de janeiro de 2011
Jogos de Poder
A Coelheira
Portugal tem tudo para dar certo... como país de contos de fadas.
O ilusionista de Trapalhândia (9)
Voltemos então a 1995, quando Hannibal decidiu deixar o cargo de primeiro-ministro.
Quem não gostou da ideia foi Maria, mas foi-se contendo. Só dois meses depois de Hannibal ter quebrado o tabu é que conseguiu arranjar coragem para lhe dizer o que lhe ia na alma.
- Então tinhas prometido que fazias de mim primeira dama e agora que as coisas começam a dar para o torto deixas o governo? Fui eu confiar em ti durante este tempo todo, fartei-me de sofrer para nada.?
-Tem calma, Mariazinha! Já sabes que nunca me engano, raramente tenho dúvidas e cumpro as minhas promessas. Serei PR e tu primeira dama.
-Agora que os tugas estão a endividar-se como loucos e um dia vão deixar de poder pagar aos bancos, que sentem que os abandonaste, é que pensas em candidatar-te a Belém? Devias ter feito isso em 1991, quando estavas na mó de cima. Agora as pessoas não te vão perdoar!
- Maria, não te lembras que em 1988, quando os tugas andavam doidos a jogar na bolsa, eu os avisei para os riscos, com aquela bela metáfora do “Gato por Lebre”?
- Claro que lembro. E depois veio o Salgueiro dizer que não havia problema nenhum...
- Pois, Maria, tu lembras-te, mas os tugas já se esqueceram e isso é que é importante. Vais ver que com esta febre maluca dos portugueses a endividarem-se, ainda vamos ganhar um bom dinheirito. Imagina que o Oliveira e Costa e o Dias Loureiro e mais uns quantos, quando sairmos do governo, estão a pensar criar um Banco
- E tu vais para Presidente do Conselho de Administração?
- Não, Maria. Já ouviste falar de crédito?
- Ai, valha-me Deus, Nossa Senhora e a Santíssima Trindade! Tu agora vais ser como a D. Branca? Eu bem sei que aquele número do cartão de crédito que ofereceste a todos os portugueses foi genial, mas quando eles perceberem que afinal têm de pagar as dívidas e não êm dinheiro, vão reagir mal...
- Nada disso, minha fofa. Uns vão jogar na Bolsa, ganhar e continuar a pensar que o dinheiro é grátis. Outros hão-de perder, mas isso faz parte da vida.
- E nós?
- Nós? Claro que vamos ganhar! Não te lembras que fui eu que fiz do Noites do Padeiro e do Sabujo Costa ministros?
- Ai que tu um dia vais dentro e que vai ser de mim, Hanníbal? Pões essa gente ignorante, a correr riscos e vais desgraçá-las?
- Se as pessoas não quiserem correr riscos têm bom remédio. Recorrem ao crédito.
- Mas para isso têm de pagar juros…
-Qual é o problema? Isso não é da minha conta… os tugas são adultos e sabem muito bem o que fazem. Se querem endividar-se, que o façam à vontade...Além disso eu já nem estou no governo, talvez no próximo ano já seja PR e tu primeira dama…
Não foram… O povo ainda estava atento e obrigou-os a esperar dez anos, antes de voltarem a azucrinar os portugueses.
Depois de receber da trupe de vampiros a merecida recompensa pelas aulas de ilusionismo onde lhes ensinara os truques que os levaram ao sucesso, Hannibal pensou que tinha chegado a hora de preparar a sua candidatura ao palácio do Belo Além. Convocou os vampiros para uma reunião e comunicou-lhes:
- Meus amigos! Fiz de vós pessoas respeitáveis, ajudei-vos a enriquecer, agora chegou o momento de me candidatar ao palácio do Belo- Além. Embora as televisões daqui a uns anos venham a deslumbrar-se com séries sobre a nossa espécie rara de vampiros, a verdade é que a vida não nos corre de feição. Durante os anos em que estive afastado, aprendi uns números novos, que mostrei pela primeira vez numa festa de aniversário dos meus netinhos. Digo-vos que toda a gente ficou deslumbrada.
- E que números são esses, professor? - perguntou Noites do Padeiro
- A seu tempo todos saberão. Só vos digo que são muitos e variados. O mais espectacular será fazer desaparecer a Constituição...
- Parece-me uma excelente ideia - disse Sabujo Costa batendo palmas.
- Bem, mas esse número só resulta em pleno, se conseguir que a Manuela seja primeiro ministro.
- Primeira-ministra, Hanníbal! Eu quero ser é primeira ministra- corrigiu Manuela Rançosa com sua voz esganiçada.
-Seja lá como quiseres. O importante é que eu possa chegar ao Palácio do Belo- Além e tu me ajudes a suspender a Democracia por uns tempos. Infelizmente, para lá chegar, ainda é preciso eleições e fazer campanha. Ora isso custa dinheiro e eu sou um mísero professor...
- Então e as acções que te ofereci?- perguntou Sabujo Costa
- Agradeço a tua generosidade, Sabujo, mas aquilo não dá nem para um dia de campanha...
Os presentes olharam, inquiridores, para Sabujo, à espera de uma reacção.
- Se precisas de dinheiro, Hannibal, isso não será problema. Arranjo aí uns números novos com o Noites do Padeiro e mais alguns amigos dele, faço sumir o dinheiro numas "off shores" e depois há-de aparecer para pagar a tua campanha.
-Foste um bom aluno, Sabujo Costa. Bem mereces partilhar comigo a Coelha.
Alguns riram-se muito com esta tirada de Hannibal, outros entreolharam-se interrogativos, porque não perceberam o trocadilho. Brindaram com champagne e começaram a preparar a corrida ao Palácio do Belo- Além.
Até Adalberto Jasmim, presidente do governo regional da Ilha do Caruncho, que sempre tratara Hannibal por sr. Silva, passou a tratá-lo por professor.
( continua)
Rescaldo das Presidenciais
Cavaco Silva: apesar de ter sido o presidente reeleito com o menor número de votos e a mais baixa percentagem, ganhou as eleições, que era o seu objectivo. Como era de esperar, o seu discurso de vitória foi mesquinho e vingativo. Revela muito sobre o candidato que os portugueses decidiram reconduzir. Têm o que merecem.
José Manuel Coelho: foi a grande surpresa da noite eleitoral. Fez campanha sem dinheiro, sem meios, sem logística e recebeu 4,5 por cento dos votos. Mas a sua grande vitória foi na Madeira. Ficou em segundo lugar, a seis mil votos de Cavaco, e ganhou em diversas freguesias e concelhos, incluindo o Funchal. Alberto João Jardim deve ter ficado à beira de um ataque de nervos. Mas quando um candidato como Coelho recebe quase 200 mil votos, fica claro que, um dia destes, um populista seduzirá os portugueses. E isso é assustador...
Manuel Alegre: a derrota só não foi decepcionante, porque a campanha desastrosa que fez já o prenunciava. Esperava-se, de qualquer modo, uma votação superior à de 2006.
Defensor de Moura: fez uma campanha séria e empenhou-se em levantar questões que os portugueses deveriam ter maturidade suficiente para exigir que fossem esclarecidas, mas os portugueses fizeram ouvidos de mercador.
Francisco Lopes: não conseguiu manter os votos de Jerónimo de Sousa, num momento em que tudo apontava, poderia ter uma votação significativa.
Mário Soares: nunca declarou apoio expresso a nenhum candidato, mas todos sabiam que apoiava Fernando Nobre. O resultado do presidente da AMI foi um bom resultado, mas de nada lhe servirá no futuro.
Alberto João Jardim: o segundo lugar de Coelho na Madeira não será fácil de digerir.
Late night wander (18)
domingo, 23 de janeiro de 2011
Teresópolis


Já fui muito feliz em Teresópolis. Recordo os banhos na cachoeira, os picnics em família e aquele quarto da casa construída na encosta, com uma vista soberba, que me era sempre reservado. Lembro-me das penosas viagens de Niterói para Teresópolis, só para passar o fim de semana, mas que eram recompensadas com aquele ambiente de paz e convívio com a Natureza, durante dois dias.
Desde que a família decidiu vender a casa, nunca mais voltei a Teresópolis mas, ao ver o meu amigo Pacheco de Miranda fazer uma reportagem da catástrofe que se abateu sobre a cidade, senti um nóa apertar-me a garganta e dei comigo a tentar descortinar se ainda estaria de pé, ou teria sido levada pela enxurrada.
O ilusionista de Trapalhândia (8)
Nas bocas do mundo começa a pronunciar-se a palavra Internet (Net para os amigos) que irá revolucionar os já tão alterados hábitos de milhões de pessoas. Com os computadores também se criam efeitos especiais. Começou a era da realidade virtual.
O desemprego e a recessão ameaçam os países ricos, a SIDA continua a fazer milhares de vítimas e a Igreja a dizer não ao "Control", agora à venda com vários sabores.
Em 1994 Ulisseia é capital Europeia da Cultura e vêem-se os primeiros sinais da EXPO -98: começam as demolições. A TV Pimba assenta arraiais com "Perdoa-me", "Cenas de um Casamento" e "All you Need is Love". A RTP contra-ataca no mesmo estilo .
Depois das auto estradas de betão, entramos , em 95, na era das auto estradas da informação. Mas nestas não andamos: navegamos ou "surfamos" sem pagar portagem. A conta vem ao fim do mês, como a dos telefones eróticos.
Por esta altura, já Hannibal tinha cumprido o seu papel. Com a sua trupe de vampiros destruíra a agricultura e a pesca, começara a reciclar os tugas para serem prestadores de serviços, oferecendo em troca a parafernália consumista.
( Continua)
sábado, 22 de janeiro de 2011
10 reflexões em dia de reflexão
O ilusionista de Trapalhândia (7)
Os jovens do mundo ocidental vivem empolgados o desenrolar dos acontecimentos de 89, (alguém, reparou que lido ao contrário é 68?) mas os ídolos e os ícones são diferentes. Cohn Bendit é preterido em favor de Karl Popper, em vez de flores na cabeça usam cartões de crédito nos bolsos, e trocam a leitura de Salut Les Copains pelo Financial Times. Ao interesse pela evolução dos tops musicais, sucede-se uma crescente atenção às cotações da bolsa. É que os jovens do final dos anos oitenta já não são hippies. São yuppies e em vez dos jeans coçados envergam gravatas de padrões psicadélicos, fatos de marca e circulam em carros topo de gama, de telemóvel em riste.
A costa alentejana é atingida por uma maré negra, enquanto o País dança nas discotecas ao ritmo da Lambada. O telemóvel chega a Portugal e os portugueses lêem a "Crónica do Rei Pasmado". O novo aparelho é muito caro, apenas ao alcance de bolsas mais abonadas. Mas não tardará que se transforme numa praga e um restaurante lisboeta afixe à porta: "Proibida a entrada a cães e a telemóveis".
A Revisão Constitucional permite as nacionalizações totais de várias empresas e apenas com três letras se passa a escrever a palavra imposto (IRS).
No início da década de 90, em Trapalhândia, vai toda a gente ao "Baile do Rivoli" , mas "Não há estrelas no Céu". Quem o afirma é Rui Veloso. Por pouco também deixa de haver peixe. Um desastre ecológico destrói 100 toneladas no rio Tejo e uma maré negra atinge Porto Santo. Para nos dar as notícias nasce um novo diário: “ O Público”.
No ano em que o escudo adere ao Sistema Monetário Europeu (1992), Portugal estreia-se na Presidência da CEE e, em Lisboa, o polémico Centro Cultural de Belém é inaugurado. Para fechar logo de seguida e reabrir no ano seguinte. Ele há coisas assim em Trapalhândia...
Com os Jogos Olímpicos e a Expo -92 a realizarem-se em Espanha, os tugas passam o ano a saltar a fronteira, inaugurando as "escapadelas de três dias".
Finalmente a RTP deixa de ter o monopólio televisivo. A esperança numa televisão melhor nasce com a SIC, mas o sonho dura pouco tempo. A qualidade passa a ser nivelada por baixo. No entanto, a aposta no "Poder do Dinheiro" revela-se acertada. Por meia dúzia de contos, qualquer um se despe em palco, mas desta vez os púdicos espectadores e os atentos Bispos não reagem contra a ofensa aos costumes perpetrada por filmes "demoníacos" como "O Império dos Sentidos" e "Pato com Laranja". A sociedade de consumo ri-se baixinho... enquanto as iras se voltam contra Saramago e o seu "Evangelho Segundo Jesus Cristo". Os tugas estão rendidos. O dinheiro é barato e o crédito fácil. O endividamento sobe de forma assustadora, mas os vampiros garantem que não há problema.
(Continua)
Late night wander (16)
Depois é só explicar como e porquê.
sexta-feira, 21 de janeiro de 2011
Um grande imbróglio
Esta é a verdadeira crise do Portugal democrático, que o FMI nunca poderá resolver.
O ilusionista de Trapalhândia (6)
Entusiasmado, o povo deu-lhe a maioria e Hannibal começou a governar. Ao fim de algum tempo, constatou que as promessas daquele senhor esguio e com problemas de dicção se estavam a cumprir. Aqueles cartõezinhos magnéticos que permitiam adiar para os meses seguintes o pagamento da parafernália de produtos que ele prometera eram mesmo mágicos, e os lares encheram-se de coisas que o povo não percebia muito bem como funcionavam, nem para o que serviam, mas que com o tempo passaram a ser indispensáveis.
Se não votarem em mim, vem o lobo mau e dá tau-tau!
Late night wander (15)
quinta-feira, 20 de janeiro de 2011
A dívida belga
Se isso vier a acontecer os especuladores atingem o coração da Europa e, então, talvez a senhora Merkel perceba o que está em jogo.
Pensando em termos europeus, não deixa de ser preocupante imaginar o "berço" da União Europeia partido em dois, com o FMI a intervir para colar os cacos...
Eles precisam, é de Vaselina!

O ilusionista de Trapalhândia (5)
Capítulos anteriores ( aqui)
Não ganhou, mas as profecias do homem que nunca se enganava, raramente tinha dúvidas e não perdia mais do que cinco minutos diários a ler os jornais, cumpriram-se.
Na campanha para as eleições legislativas de 1987, os discursos de Hannibal eram dirigidos ao povo, com promessas de felicidade:
- Prometo-vos, se me elegerem, que terão dinheiro para comprar frigoríficos, arcas congeladores, televisores de alta definição, computadores e uma parafernália de produtos que vocês nem imaginam que podem existir, nem sabem para que servem, mas que se vão tornar indispensáveis na vossa vida.
- E também nos dás automóveis, casas de fim de semana e o direito a passar férias em Cancún?
- Dou-vos tudo isso e ainda férias nas Maldivas, “time-share”, centros comerciais, hipermercados recheados de saldos, promoções e outras confusões, automóveis para os vosso filhos, 100 canais de televisão, caixas multibanco e cartões de crédito à fartazana, para vocês se divertirem.
- Nós já não acreditamos no Pai Natal- respondeu o Povo incrédulo. Só podes ser um daqueles publicitários que prometem tudo, mas quando a gente vai a ver descobre que era um embusteiro.
- Estais todos muito enganados. Eu descobri a poção mágica que transforma os vossos desejos em realidade. Confiai em mim, que não vos desiludirei.
- Tá bem, já percebemos… vais organizar um daqueles concursos estilo Cola Cao, pões-nos a todos a comprar aquela mistela e depois sorteias os felizes contemplados- retorquiu o Povo desconfiado.
-Ó povo incréu! Julgais vós que seria capaz de vos intrujar? Se digo que é para todos , é mesmo para todos. Sem concursos, sem truques, apenas com a minha capacidade para utilizar a poção mágica em vosso proveito. E digo-vos mais… se me reelegerem ainda vos apresento uma Fada Madrinha que, apesar de ter cara de Bruxa Má, vos irá satisfazer outros desejos.
Uma noite, depois de um comício, Maria não se conteve e , quando chegaram ao hotel, enfrentou Hannibal:
-Tu estás maluco? Que é que andas aí a magicar ?Subiu-te o poder à cabeça e já não sabes o que dizes? Puseste-te a prometer porcarias a toda a gente, como é que as vais pagar?
-Está sossegada, Maria, tem calma. Eu não vou pagar absolutamente nada, não estou doido. Vou é fazer as coisas de maneira a que os portugueses pensem que as coisas não lhes vão custar nem um centavo. Inventei uns cartõezinhos magnéticos fantásticos. Quando as pessoas os passam por uma máquina, acreditam que compraram as coisas sem gastar dinheiro. A conta só vem no mês seguinte...
- Lá isso é verdade. Ela é muito tua amiga… mas achas que as pessoas quando virem que não têm dinheiro para pagar as dívidas não se vão revoltar?
- Qual revoltar, qual quê! Os tugas querem é pão e circo e têm a memória curta. Olha, toma lá o meu cartão de crédito e vai ali comprar umas coisinhas ao Amoreiras, para te pores bonita para a minha tomada de posse...
Late night wander (14)
As eleições para a PR deveriam ser como os referendos. Sendo a abstenção superior a 50%, a decisão dos eleitores não é vinculativa. Poupava-se dinheiro e chatices.
quarta-feira, 19 de janeiro de 2011
Farinha Amparo e Spaguetti Bolognese

- Olha lá, saiu-te a carta num pacote de Farinha Amparo?
Os tempos mudaram. A farinha Amparo deixou de dar brindes e o pregão passou a ser outro:
- Saiu-te a carta num bolo rei?
Veio depois a União Europeia, acabou com os brindes do bolo-rei e, hoje, os automobilistas fartam-se de fazer asneiras mas ninguém invoca a farinha Amparo ou o bolo que, noutros tempos, apenas se comia no Natal.
Hoje, a grande moda, é perguntar a um licenciado de reputação duvidosa:
- Tiraste a licenciatura depois de Bolonha, não foi?
Bolonha veio descredibilizar muitas licenciaturas e desvalorizar os mestrados. Pouco mais se poderia esperar de uma terra que inventou aquela pasta tão apreciada por miúdos. No entanto, também em breve este pregão cairá em desuso. Um dia destes, o licenciado interpelado sobre a origem da sua licenciatura, responderá descontraidamente:
- Comprei-a na Internet!
O estranho caso dos belgas

O ilusionista de Trapalhândia (4)
Capítulos anteriores ( aqui)
Trapalhândia entra formalmente para a CEE no dia 1 de Janeiro de 1986 e o primeiro bébé proveta a nascer no País já é um cidadão comunitário. Ambos os acontecimentos podem ser registados com as novas máquinas fotográficas descartáveis. No Hospital de Santa Cruz faz-se a primeira transplantação cardíaca. A medicina tuga vive um ano de glória.
Late night wander (13)
terça-feira, 18 de janeiro de 2011
O ilusionista de Trapalhândia (3)
Capítulos anteriores: aqui
(continua)
A honestidade de Cavaco e a inversão do ónus da prova
segunda-feira, 17 de janeiro de 2011
O retrato desfocado do Estado
