Fui dos que aplaudi a escolha de Queiroz, mas também fiquei decepcionado com a sua fraca prestação no Mundial da África do Sul. Isso não me impede de continuar a apreciar Queiroz, considerá-lo melhor treinador que Scolari e, simultaneamente, pensar que seria benéfico para a selecção ter outro seleccionador para a campanha europeia. Gostaria , no entanto, que a substituição se fizesse de forma transparente, pagando a Queiroz a indemnização contratual. Infelizmente, parece que a substituição será feita “à portuguesa”, ou seja, recorrendo a expedientes, para evitar cumprir um contrato.
Não me interessa, por agora, saber se há conluio entre a FPF e a ADoP, para tramar Queiroz e conseguir uma rescisão com justa causa. Mais importante do que isso é recordar toda a gama de pulhices que envolvem esta trama.A infracção de que Queiroz é acusado pela ADoP ( obstrução ao controlo anti doping) ocorreu em Maio, mas o processo só veio a ser conhecido depois da eliminação de Portugal, pela equipa que seria campeã mundial. Tivesse Portugal chegado às meias finais e o processo teria sido arrumado numa gaveta mas, como a prestação portuguesa foi fracota ( e Queiroz teve responsabilidades nisso) os amanuenses de serviço saíram a terreiro em defesa da dignidade ofendida. Fizeram-no respaldados nas palavras inoportunas e infelizes do secretário de estado do desporto Laurentino Dias que deveria ter-se remetido ao silêncio , mas não resistiu e pôs a boca no trombone, lançando suspeições para de seguida se escusar a esclarecer o alcance das suas afirmações. Não foi bonito…
O Conselho de Disciplina da FPF aplicou uma sanção a Queiroz, mas refutou a acusação de interferência do seleccionador nacional no controlo anti-doping. De qualquer modo, decidiu abrir desde logo novo processo a Queiroz , que poderá redundar em nova condenação e abrir caminho ao despedimento com justa causa.
Aconselharia o mais elementar bom senso que os amanuenses encartados e cheirando a perfume de rosas aceitassem a decisão do CD da FPF, mas há gente que gosta de mostrar serviço ao chefe e, por isso, a ADoP avocou o processo. Horta declarou-se impedido e passou a bola a Sardinha, presidente do Instituto do Desporto de Portugal, que aplicou uma suspensão de seis meses a Queiroz o que, entre outras consequências, permitirá satisfazer as pretensões da FPF.
A ADoP não ouviu Queiroz. Zurziu na FPF por ter concluído que não houvera obstrução oa controlo, reuniu o concílio de “lambe botas” e ditou a sentença. No Irão o processo não seria de espantar mas, num país que se reclama democrata, é obsceno. Não sei se Sardinhas de lata ligam bem com peixinhos da Horta, mas tenho a certeza que ambos se estão borrifando para a selecção nacional.
Esperemos que a ASAE do Desporto Internacional confisque as Sardinhas e os peixinhos da Horta e despeça o cozinheiro . A culpa até pode não ser da qualidade dos peixinhos mas é, certamente, da fraca qualidade do óleo que o cozinheiro usa para os fritar e da massa que os envolve, revolvendo-nos o estômago com tanta obscenidade.