
A Sagres foi proibida de atracar em Macau por ser um navio de guerra. Parece, no mínimo, bizarro, que a proibição seja aplicável a Macau e não a Xangai, onde aportará nos próximos dias. Claro que as autoridades chinesas apresentam uma explicação, mas não me convence: Macau é uma região chinesa, mas com autonomia. Dito por outras palavras: as autoridades de Macau é que tomam a decisão, nós na mãe China não temos nada a ver com isso e, imaginem, até autorizamos que o navio atraque em Xangai.
Ao contrário do que alguns propalam- numa confrangedora revelação de ignorância - a Sagres "não anda por aí a fazer turismo". É uma importante escola de formação.
Há uns meses entrevistei o Almirante Rocha Carrilho (em tempos director do Museu da Marinha em Macau) comandante do Navio Escola Sagres entre 2001 e 2005, e falámos sobre o papel formativo desempenhado por esta unidade emblemática da Marinha.
As viagens têm objectivos muito bem definidos, sendo ministrada formação específica ao nível da vela, da marinharia prática e da manobra específica de um navio com características peculiares.
Todos os futuros oficiais passam por lá pelo menos uma vez na vida como cadetes, numa espécie de viagem de fim de curso que funciona, especialmente, como aplicação prática dos conhecimentos adquiridos na Escola Naval. “É a sua primeira grande viagem em que vão estar vários meses sem ver terra, o que ajuda a fortalecer a destreza e o espírito de camaradagem”.
Pelas suas características, a Sagres é também embaixatriz de Portugal em todo o mundo. Menos em Macau, onde é vista "apenas" como um barco de guerra.