
A Consumers International (CI) realizou um estudo sobre o comportamento das principais marcas de vestuário desportivo, com o objectivo de analisar o impacto ambiental do fabrico de calçado desportivo e o comportamento ético das empresas nas relações laborais, nomeadamente quanto aos salários e às condições de trabalho.
Contando com o apoio de 11 organizações de consumidores, a CI visitou fábricas que fornecem as diversas componentes para a produção de algumas das marcas mais conhecidas no fabrico de calçado desportivo. Foram também analisadas as condições em que vivem os trabalhadores dessas fábricas, maioritariamente mulheres imigrantes entre os 20 e os 30 anos.
Embora reconhecendo algumas melhorias por parte da Adidas, Reebok e Puma, no concernente às práticas laborais, a CI conclui que apesar de algumas empresas pagarem o salário mínimo legal, estes ainda estão muito abaixo do desejável, representando apenas
0,4 por cento do custo de um par de sapatos. Os salários pagos aos trabalhadores- afirma a CI- estão normalmente muito abaixo do que seria desejável, para proporcionar aos trabalhadores condições de vida condignas.
A CI detectou também casos de assédio sexual, violação de direitos sindicais, horários de trabalho excessivos, redução dos salários como medida repressiva e recurso ao insulto verbal e à violência física, como medidas disciplinares.
De realçar, que as fábricas visitadas reconheceram as suas próprias responsabilidades nestas práticas e declararam que estão a tomar medidas, no sentido de as minimizar…
No estudo realizado, a CI realça o facto de a maioria das multinacionais do calçado – que até há bem pouco tempo estavam maioritariamente instaladas no sul da China- se estarem a deslocalizar para outros países asiáticos, como o Vietname ou a Indonésia, onde os custos laborais são mais baixos e as exigências ambientais mais permissivas.
Entretanto, a Adidas anunciou que vai iniciar ainda este ano, no Bangladesh, a produção de um modelo de sapato que será vendido a 1 euro. Com esta iniciativa, a Adidas pretende melhorar a sua imagem junto dos consumidores e envolver-se em projectos sociais geradores de emprego, nas zonas do globo onde tem as suas fábricas.
A CI convidou as 10 maiores empresas de calçado desportivo a participar neste estudo, mas apenas a Adidas, Reebok, Puma, New Balance e Mizuno aceitaram submeter as suas fábricas, na China, ao escrutínio.
Nike, Asics, Brooks, Saucony e Kahru recusaram participar no estudo.