Também fui dos que acreditei na Revolução Cubana, me emocionei com o que vi em Cuba, acreditei em Fidel e na sinceridade e nos ideais de Che.
Mesmo depois da morte de Che, de visitar a RDA, a Roménia e a Bulgária, nos anos 70, a Polónia e a Hungria nos anos 80 e ter vivido na ex-Jugoslávia, mantive a convicção de que a revolução cubana venceria, porque nada tinha a ver com os regimes despóticos dos países de Leste onde as pessoas eram tristes e viviam oprimidas.
É certo que o comunismo do Leste Europeu, da ex-URSS, pouco tinha a ver com a proposta comunista de Fidel e Che , mas também não encontrei, em nenhum daqueles países, o quadro caricatural que hoje se traça nos países "reabilitados para o capitalismo".
Os cubanos são alegres, comunicativos, Havana é uma cidade fantástica que respira alegria de viver por todos os poros e a afabilidade na Cuba "rural" emociona qualquer viajante.
A Cuba que eu conheci nada tem a ver com o comunismo do Leste Europeu, retratado no "Adeus Lenine". Apesar de alguns exageros, o que eu vi e vivi nos países de Leste, foi muito próximo do que o filme retrata.
Percebia-se há muito que Raúl Castro iria preparar o caminho para o fim da Utopia cubana. Foi por isso, sem grande surpresa, que ontem ouvi o anúncio do fim da via comunista e o reconhecimento do casamento gay e a admissão da propriedade privada como essencial para o desenvolvimento da economia.
Espero, com curiosidade, a reacção de alguns comunistas portugueses que continuam a acreditar (ou apenas fingem acreditar?) na Utopia dos amanhãs que cantam.