O nome Cunha está ligado à minha infância. Localizada nas imediações da também emblemática Capela das Almas é indissociável de festas de aniversário, baptizados e casamentos.
Naquele tempo, as festas de aniversário de muitas famílias eram realizadas em casa, mas o serviço ( naquela época ainda não tínhamos sido colonizados pelo catering) era encomendado a uma pastelaria da cidade: Confeitaria do Bolhão e Confeitaria Cunha eram as mais solicitadas
Não me lembro da Padaria Cunha (fundada em 1906), mas lembro-me do sr Costa que reservava sempre algumas guloseimas para mim e para os meus amigos
É nos anos 70, quando a Cunha abre um espaço na Rua de Sá da Bandeira, que começo a frequentá-la. Na altura já não vivia no Porto, mas sempre que lá ia em fim de semana ou em período de férias, a Cunha era visita obrigatória.
O snack bar, cujo espaço foi criado pelos arquitectos Vitor Palha e Bento d'Almeida rapidamente se tornou o espaço mais emblemático da cidade. Era o primeiro restaurante snack bar da cidade e muitos o equiparavam ao lisboeta Galeto. Incluindo os actores das companhias da capital que depois das actuações no Sá da Bandeira iam lá cear.
José Luís Nunes, um conhecido deputado do PS, chegava a meio da tarde com uma enorme resma de jornais do dia e por ali ficava horas intermináveis.
Quando trabalhava no JN, muitas vezes ia lá comer ao fim da noite e na Páscoa, era lá que ia buscar o pão de ló de Margaride que, para quem não saiba, informo ser o melhor do pais.
Há dias, soube que a Cunha pode encerrar em breve. Espero que não seja verdade mas, se for, que tenha o mesmo destino da mítica "A Brasileira" que reabriu há duas semanas e estou ansioso por revisitar.