Quando aparece um novo partido, mesmo com ideias fora da caixa, a reação da maioria das pessoas é reagir com indiferença ou pensar " mais uns que se querem encher".
À partida acredito em quem procura lutar contra a corrente mas devo reconhecer que foi com algum cepticismo que assisti à entrada do PAN na cena política portuguesa.
A campanha autárquica demonstrou, porém, que o PAN conseguiu introduzir na agenda política -de forma transversal- o debate sobre os animais. Ou, pelo menos, obrigou os partidos a prestar alguma atenção aso cães. Cristas organizou uma Caocentração, Teresa Leal Coelho todos os dias faz festinhas a cães e até Catarina Martins visitou uma associação de recolha de cães abandonados.
Pode dizer-se - e é verdade- que há muita hipocrisia, ou que dar atenção apenas aos cães é muito pouco ambicioso, porque a vida animal deve ser encarada na sua globalidade, prestando especial atenção a questões como o transporte de animais, medidas para a preservação das espécies, ou as condições sanitárias. Por outro lado, num país onde a tourada faz parte da cultura de um povo, a defesa dos direitos dos animais resume-se aos denominados animais de companhia e pouco mais.
De qualquer modo, é justo salientar que sem o PAN, o tema dos direitos dos animais continuaria a ser ignorado e legislação sobre a utilização de animais em espectáculos de diversão, ou as condições de vida dos animais de cativeiro, continuaria a ser adiada para as calendas. Devagarinho, os portugueses vão metendo na cabeça que devem respeitá-los e não os tratar como coisas. Será pouco, mas é um princípio.
Agora fico a torcer para que apareça um partido disposto a colocar na ordem do dia a educação dos proprietários de animais de companhia. É que todos os dias assisto a cenas degradantes de desrespeito pelas mínimas normas de convivência cívica, protagonizadas por donos de animais de companhia.