Depois de meses à frente nas sondagens, a extrema direita holandesa acabou por ser derrotada nas urnas pelo partido de direita que já governava a Holanda.
Li por aí pessoas a congratularem-se e suspirarem de alívio com a vitória da direita. Abstenho-me de comentar. Relembro apenas o livro de Houellebecq (Submissão).
Quanto aos resultados na Holanda poderão ser um indicador sobre o futuro da Europa, mas não mais do que isso.
Os verdadeiros testes são as eleições em França e na Alemanha. Vitórias de Macron e Schulz darão um novo impulso à construção europeia.
Se Le Pen vencer em França e o Alternativ de Petry subir muito na Alemanha, então teremos um problema grave na Europa.
Mas, para além dos actos eleitorais, convém estar atento ao desenrolar do processo do Brexit. Não só pelos impactos que terá na UE, mas também no próprio reino unido que pode desagregar-se, no caso de Sturgeon conseguir avançar com o novo referendo. Um não ao Brexit implica a saída da Escócia do Reino Unido e, muito provavelmente, também da Irlanda que poderá aproximar-se da sua congénere republicana. Como reagiriam a UE, Sua Majestade e o povo inglês a um cenário destes?
Um ano muito interessante, sem dúvida,mas também de muitos perigos.
Sejam quais forem os resultados das eleições na Holanda, em França ou na Alemanha, será importante não esquecer que os resultados se começaram a construir há mais de uma década.
Primeiro com a criação do euro e, mais recentemente, com as medidas desastrosas tomadas pela UE durante a crise das dívidas soberanas, atirando deliberadamente para a miséria milhões de pessoas, enquanto protegia escandalosamente a corrupção no sistema financeiro, engordando os mais ricos e poderosos à custa de quem trabalha.