Ponto prévio: a vinda da Websummit para Portugal é uma boa notícia para Lisboa e para o país.
Há, porém, alguns mitos que convém esclarecer sobre empreendedorismo e investidores que nela participam. Comecemos pelos investidores.
Porque há já alguns anos me dedico ao estudo desta matéria, tendo inclusive publicado alguns artigos em revistas da especialidade, esta notícia do jornal" Público" deixou-me boquiaberto.
«Falta de capital público fez cair em 16% o investimento dos business angels» (Público, 6/6/16).
Os meus neurónios dispararam e a pergunta brotou, inevitável:Que tem o capital público a ver com o investimento dos business angels nas start ups?
Fui investigar e cheguei a conclusões muito interessantes.
Antes, porém, esclareço os leitores menos familiarizados com o tema que um "business angel" é um investidor que arrisca o seu capital em startups,
(ainda em fase embrionária) sem que exista uma relação familiar entre o investidor e a empresa. Normalmente são investimentos de elevado risco e numa lógica de longo prazo, por se tratarem de empresas emergentes que exploram áreas de negócio novas.
Ora, dentro desta lógica, a notícia do Público levantou-me a seguinte questão:
Se os business angels estão a investir e arriscar o seu próprio dinheiro, como é que a falta de capital público fez cair o investimento que fazem? A não ser que...
Pois, é isso mesmo, caro leitor. Estes investidores tão bonzinhos, que até são conhecidos como anjos, investem nas start ups, mas não sem um amparo do Estado, Ou seja. Investem, mas precisam do nosso dinheiro como garantia.
Muitos destes business angels, provavelmente, criticam o governo por não dar apoio às start ups às segundas, quartas e sextas, mas nos outros dias da semana insurgem contra a intromissão do Estado nos negócios dos privados.
Certo, é que assim que a teta do Estado secou, fizeram um manguito às start ups. Eu preferia chamar a esta gente investidores comissionistas, ou funcionários investidores, mas business angels, além de ser fixe, é inglês.
Quanto aos anjinhos, somos nós, contribuintes que merecemos o título. Sempre é melhor do que chamarem-nos patos...