Nem por isso.
Por vontade de Passos Coelho não haveria coligação nenhuma. Está farto das birras do Portas, o Pires de Lima apesar de dizer que é um soldado disciplinado, às vezes ameaça abandonar o quartel e, last but not the least, Passos acredita mesmo que pode ganhar as eleições apresentando-se sozinho .
No entanto, não será fácil Passos Coelho desenvencilhar-se dos meninos mimados e impertinentes do CDS.
Dentro do PSD a maioria quer manter a coligação. Por muito que Passos lhes diga que o CDS é um empecilho, só atrapalha e seria muito mais confortável apostar numa vitória sozinho e depois convidar o CDS, fragilizado, a servir de muleta, do que ir a votos em coligação e sujeitar-se às chantagens de Portas.
No grupo parlamentar do PSD poucos são os que compram esta teoria e argumentam que, caso o PSD perca as eleições, Portas irá a correr lançar-se nos braços de António Costa. Por uma vez, há que dar razão a Passos e elogiá-lo pela coragem em assumir riscos.
Só que, repito, será muito difícil a Passos manter esta posição. O CDS está disposto a abdicar de todas as suas bandeiras – como já se viu no recuo em relação à TSU, à extinção da taxa extraordinária do IRS e às pensões dos reformados- para manter um lugar no pote.
Bem pode argumentar Passos que Portas não é de confiança e dizer que só aceita ir a votos coligado se o CDS assinar um acordo pré- eleitoral, onde fique determinado o número de ministérios que lhe cabem em caso de vitória. Só que ele também sabe que o CDS será exigente, porque acredita valer mais do que efetivamente vale e isso é um obstáculo a um acordo prévio.
Não tenho dúvidas que se Passos pudesse decidir sozinho, prescindiria da muleta do CDS. Não sei é se conseguirá fazer valer a sua tese. Os defensores da coligação não deixarão de esgrimir as sondagens que apontam para a possibilidade de PSD e CDS, coligados, poderem ter maioria absoluta. Como a seu tempo se verá, este argumento é enganador. As eleições do Outono irão trazer grandes surpresas, pela dispersão de votos nos “pequenos” partidos que pela primeira vez entram em cena. Se o CDS concorrer sozinho, ficará reduzido a uma expressão minimalista. Talvez um táxi seja demasiado grande para transportar os seus deputados. Os portugueses penalizarão mais o CDS – que consideram um partido imprestável-do que o PSD. Portas sabe disso. Passos também.
Por isso mesmo penso que, não sendo a coligação inevitável, acabará por se concretizar por força das pressões internas no seio do PSD e pela vontade de Portas se manter agarrado ao pote..
Restará a Passos forçar o CDS a aceitar um acordo pré-eleitoral que o reduza à sua insignificância. Não será fácil.