Já várias vezes escrevi sobre o umbiguismo da comunicação social tuga, onde o noticiário internacional é fraco e, a maioria das vezes, se reduz a copypaste do que se publica lá fora.
Já expliquei o menosprezo pelo noticiário internacional com o facto de o Portugal Sentado ter invadido as redacções. O destaque noticioso do que se passe de relevante fora da Europa e dos Estados Unidos não é decidido nas redacções. Está dependente do destaque que é dado na imprensa e televisões internacionais. E de alguns interesses políticos e económicos dos seus proprietários, obviamente.
Não me espantou, por isso, que os media indígenas - e provavelmente também a blogosfera e as redes sociais- não tenham dado grande destaque ao massacre de Garissa.
Há dias, num jantar com jornalistas amigos, falávamos sobre a indigência informativa sobre Garissa e a opinião foi unânime: houve causas suplementares - a morte de Manoel de Oliveira e também a quadra pascal- que determinaram o alheamento dos media em relação a Garissa. No entanto - e nisso também fomos unânimes- se o massacre tivesse ocorrido num país europeu, o destaque teria sido idêntico ao dado ao Charlie Hebdo.
Aliás, ontem mesmo, assistimos a outro episódio revelador do umbiguismo informativo tuga. No mesmo dia morreram Gunter Grass e Eduardo Galeano. Todas as televisões deram grande destaque ao autor de "Tambor de Lata" mas a morte de Galeano, autor de um dos mais importantes livros sobre a História da América Latina ( "As Veias abertas da América Latina"), apenas foi referida em alguns noticiários em nota de rodapé.
À comunicação social tuga falta mundo e a noção do ridículo. É pequenina, pacóvia e provinciana como o país.
O Expresso foi indagar junto de directores de jornais, rádios e televisões as razões para o eclipse noticioso em relação a Garissa. Vale a pena ler.