Não pensava voltar a escrever sobre a patética intervenção de Maria Luís Albuquerque em Pombal. Qualquer resquício de mentalidade salazarenta mete-me asco.
Esta manhã, porém, ao ler uma chamada de capa do DN fui obrigado a revisitar o tema. “ O Tesouro tem os cofres mais cheios do que nunca, mas essa reserva custa dinheiro”- destaca o DN na primeira página.
Fui ler.
Fiquei então a saber que ter os cofres cheios nos está a custar uma pipa de massa em juros e que, por via disso, a nossa dívida aumentou. Para quem diz que é preciso proteger as gerações futuras, deixar-lhe uma herança de 231 mil milhões de dívidas, não me parece boa ideia.
Fico perplexo quando uma ministra das finanças – professora numa qualquer universidade esconsa onde PPC se licenciou- gere o país como o Tio Patinhas . Acredito que ela, como eu, tenha passado tardes inteiras a ler as histórias da Disney mas, infelizmente, não tirou as devidas ilações do comportamento do pato avarento.
Marilú não deve ter lido O Avarento de Esopo e certamente nunca ouviu falar de Scoorge, a personagem de Dickens. Talvez tenha lido o “Auto da barca do Inferno” e se tenha identificado com o agiota Onzeneiro, mas ninguém espere que tenha lido “A Divina Comédia”.
Não terá visto o Avarento de Molière. Se viu Os Sete Pecados Mortais (Seven), só deve ter tido olhos para o Brad Pitt e no caso de ter visto “Feios Porcos e Maus”, das duas uma: riu-se muito mas não percebeu nada, ou optou pelo lado errado da história.
Acredito que Maria Luís seja uma boa economista, mas duvido que seja culta e tenha da governança de um país uma noção mais lata do que um cofre cheio de dinheiro. Alguém no conselho de ministros lhe devia ter perguntado para que serve um cofre cheio de dinheiro num país com fome. Quando o euro estourar vai servir-lhe de muito…
De uma ministra das finanças espera-se que saiba que Avareza não é só um pecado mortal. Também é mesquinhez . E problema patológico que deve ser tratado por especialistas (embora não tenha cura, pode ser atenuada).
* Expressão utilizada para caracterizar pessoa que se priva de tudo, para não gastar dinheiro. Também conhecido como Unhas de fome.