Vi, na madrugada de terça-feira, Ângelo Correia defender com pundonor a honestidade de todos os membros do governo. Fê-lo no programa "Olhos nos Olhos" da TVI 24, em reacção ofendida a uma afirmação de Medina Carreira que, minutos antes, tecera considerações pouco abonatórias sobre quem nos governa.
Não pensem que vou aqui concordar com Medina Carreira. Quero apenas perguntar a Ângelo Correia, padrinho político de Pedro Passos Coelho, qual é o seu conceito de honestidade.
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É honesto um homem que jura, durante a campanha eleitoral, não cortar os subsídios de férias nem de Natal dos funcionários públicos e, assim que chega ao poder, faz exactamente o contrário do que jurou aos portugueses?
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É honesto um homem que, durante a campanha eleitoral, afirma que o Estado não pode cortar nas pensões, porque isso seria apropriar-se indevidamente de dinheiro que não lhe pertence e quando chega ao poder corta até as pensões de sobrevivência?
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É honesta uma mulher que mente numa Comissão Parlamentar de inquérito, para salvar a pele?
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É honesta uma mulher que acusa os seus colegas de governo de terem cometido erros nos contratos swaps e omite os seus próprios erros?
- É honesto um homem que se demite irrevogavelmente do governo por discordar de decisões do PM e volta com a palavra atrás, porque o PM o promove?
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É honesto um homem que jura defender os velhinhos e os contribuintes e, quando a sua vaidade e sede de poder é saciada, esquece aqueles que jurou defender?
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É honesto um homem que numa conferência de imprensa anuncia que não haverá mais medidas de austeridade e no dia seguinte manda o seu ministro confirmar o corte nas pensões de sobrevivência?
- É
honesto um homem que presta declarações falsas à AR, sobre a sua participação no BPN?
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É honesto um homem que, para defender os interesses dos seus clientes, enxovalha o país pedindo desculpas a outro estado, por Portugal estar a investigar eventuais actos ilícitos?
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É honesto um homem que defende um ministro mentiroso, recorrendo a artifícios linguísticos?
Já nem lhe pergunto se acha honesto um ministro que tirou uma licenciatura de favor, porque o Relvas já lá vai.
Digo-lhe apenas, Ângelo Correia, que se o seu conceito de honestidade tem como padrão os membros deste governo a que acabo de me referir, então também duvido da sua probidade.