Creio que todos nós, na escola primária ou no liceu, tivemos um colega que se destacava por se esforçar em por as turmas a rir com piadas mais ou menos parvas. Eu lembro-me particularmente de um, que me acompanhou desde o primeiro ao quarto ano do liceu. Chamava-se Gaioso, nome que condizia na perfeição com o seu espírito, mas que nós passamos a apelidar de Bobo, desde o dia em que ficámos a conhecer a obra de Alexandre Herculano.
Para além das piadas, o Bobo das escolas destacava-se por ser normalmente cábula e utilizar o seu sentido de humor duvidoso, para perturbar as aulas e dar cabo da paciência aos professores que, não raras vezes, os expulsava da sala.
Vem isto a propósito da intervenção do PR na atribuição dos Prémios Gazeta de jornalismo, ontem realizada. Apesar de o momento do país ser sério, Cavaco Silva não resistiu a fazer um discurso(?) cheio de piadas de evidente mau gosto, com o qual tentou cativar a atenção dos jornalistas presentes.
Creio que, tal como eu, muitos dos presentes se terão lembrado do Bobo que tiveram como colega . Admito mesmo que, entre os presentes, pudessem estar outros ex- Bobos de escola, mas ontem Cavaco Silva ofuscou todos. Com as suas palavras irónicas, sobre o que os portugueses pensam do seu silêncio, o PR apenas explicou que se deve ao facto de ser cábula e não saber, por isso, resolver os problemas do país.Mais valia ter estado calado, mas optou por se comportar como Bobo da turma. Pena não haver nenhum professor que o expulse da sala.