O primeiro ministro de Portugal em exercício, o etíope Abebe Selassié, concedeu uma entrevista ao DN e ao JN onde justifica a razão de o FMI ainda não ter comprado o nosso país e faz revelações explosivas sobre os objectivos da tríade para Portugal nos próximos anos.
O CR teve acesso a excertos da entrevista que aqueles jornais,por decoro, não publicaram e reproduz aqui as palavras que vão certamente chocar o país:
" Portugal ainda está muito caro! Ainda paga salários a quase metade da população e isso é um luxo que o país não suporta. Também é inadmissível que haja tantos restaurantes. Apesar de o turismo continuar a crescer, não se justificam tantos restaurantes".
Mas os portugueses também comem- lembrou timidamente o jornalista
" E acho muito bem que comam, porque não queremos trabalhadores subnutridos, mas fazê-lo em restaurantes é um luxo inadmissível que os portugueses têm de abandonar"
Não lhe parece que o número de desempregados é preocupante?
"É... mas isso também é culpa do sistema remuneratório praticado em Portugal. Os portugueses viveriam muito bem com um terço dos salários que auferem actualmente. É preciso cortar drasticamente nos salários, para que os investidores invistam em Portugal e haja crescimento".
Não lhe parece que os cortes nas pensões são demasiado pesados?
" Bem pelo contrário! O sistema de pensões português é muito generoso. Apenas uma ou duas centenas de pessoas ( e vocês sabem quais) deveriam ter direito a receber mais do que 300 euros de pensão mensal. Uma média de 10€ diários é mais do que suficiente para qualquer pessoa viver."
Mas as pessoas descontaram uma vida inteira, adquiriram o direito a uma pensão decente...
" Vocês têm a mania de falar de direitos adquiridos ( sorriso irónico). Isso é um disparate! As pessoas descontam para a reforma, mas toda a gente sabe que esse desconto funciona como um imposto. O grande problema é que os portugueses, devido ao luxo do Serviço Nacional de Saúde, estão a viver até muito tarde e isso é muito mau para as finanças públicas. O governo português tem de fazer um esforço para reduzir a esperança de vida dos portugueses para níveis próximos dos do meu país. Uma pessoa que consiga viver até aos 50 anos já se deve dar por muito feliz. "
Mas a idade da reforma é aos 65 anos!
"Exactamente. Não vejo inconveniente nenhum em que a idade da reforma se mantenha nos 65 anos, desde que Portugal crie condições para que apenas uma ínfima parte das pessoas viva tempo suficiente para a receber. Se isso não for feito, a idade da reforma deve aumentar para os 80 anos, como já sugeriu um colega meu alemão."
E como pode ser alcançado esse objectivo?
" Há várias formas de o fazer. O método mais caro é recorrer à vacinação obrigatória contra a gripe A, a partir dos 50 anos. A nossa tríade até está disposta a conceder um empréstimo a Portugal para adquirir essas vacinas ( sobraram milhões nos laboratórios depois do alerta da OMS, o que foi um gravíssimo prejuízo para a indústria farmacêutica) que já estão todas fora do prazo e, portanto, podem cumprir eficazmente o seu papel".
O senhor está a propor um genocídio do povo português?
"Essa pergunta é um insulto! Reduzir a esperança de vida dos velhos não é um genocídio, é uma medida económica de grande alcance, que traria resultados muito eficazes para o crescimento e contribuiria decisivamente para rejuvenescer a população portuguesa que, como sabe, está muito envelhecida... Os portugueses devem interpretar esta proposta como uma medida higiénica para limpar o défice estrutural."
Está então a dizer que se deve acabar com o Estado Social?
" Claro! Isso é um luxo de países ricos e nem todos o garantem. Olhe para China, por exemplo. Acha que eles teriam crescido como cresceram, se se preocupassem com essas ninharias?"
Mas a nossa Constituição garante o Estado Social...
"( Risos) Ó homem, mas a Constituição é só um papel! Como já disse uma vez o vosso prestigiado Medina Carreira, ninguém come a Constituição. Aliás, você vê o seu Presidente da República preocupar-se com a Constituição? Isso é uma coisa para enganar idiotas, não é para cumprir. O importante é que em Portugal as pessoas continuem a poder votar e dizer que vivem em democracia!"
Acredita, portanto, que é possível pedir ainda mais sacrifícios aos portugueses..
"Pedir? Mas por quem nos toma? Nós na tríade somos muito assertivos. Emprestamos dinheiro, agora terão de pagar, custe o que custar. Não se trata, portanto, de pedir, mas sim de exigir o pagamento da dívida, o que é muito diferente..."
Sabe que há partidos em Portugal que reclamam a denúncia do acordo...
" O problema é vosso! Se não pagarem, nós sabemos como cobrar..."
Durante a crise da dívida da América Latina, nos anos 90, vários países impuseram condições para pagar a dívida e começaram a crescer muito mais do que os países europeus.
" (Pausa). Esse é um problema que teremos de resolver. Neste momento o nosso objectivo é destruir a Europa, depois trataremos da América Latina. Garanto-lhe que eles vão pagar a dívida e com juros muito elevados, que é para aprenderem que com o FMI não se brinca".
A presidente do FMI, a senhora Lagarde, já disse várias vezes que a austeridade excessiva pode matar o doente...
"A senhora Lagarde fez muito bem em dizer isso. Não foi por acaso que a escolhemos para o lugar. Uma presença feminina, com palavras doces, dá ao FMI uma faceta humana que lhe fica muito bem. "
A senhora Lagarde também disse que Portugal está a perder a sua geração mais qualificada..
" Concordo com ela. Esse facto é mais uma prova de que o governo português está no caminho certo. Na época dos Descobrimentos, Portugal investiu em caravelas e deu a conhecer novos mundos. Hoje em dia, numa prova imensa de generosidade, pagou a educação de milhares de jovens, cujos conhecimentos muito vão contribuir para o desenvolvimento de outros países.O mundo nunca esquecerá esse gesto solidário dos portugueses."
Então como se justifica o desinvestimento do governo em educação?
"Muito simples... nós não queremos despovoar Portugal. Precisamos de ter aqui mão de obra barata para que os estrangeiros venham para cá investir e criar emprego. Quanto mais analfabeta for essa mão de obra, melhor, porque não fará reivindicações e saberá agradecer com dignidade os salários que lhe pagarem. Como dizia o vosso Salazar, o analfabetismo faz bem à democracia..."
Curioso... nunca tinha ouvido falar dessa afirmação de Salazar
" Bom talvez ele não tenha falado de democracia, porque não era muito apreciador do género, mas não desconhece, certamente, que ele era um grande defensor do analfabetismo e que a instrução deveria estar reservada às elites e a alguns eleitos, não podia ser massificada, como hoje acontece..."
Pois, o MarceloCaetano também dizia que não podíamos ser todos doutores... Adiante! Uma última pergunta, senhor Selassié: qual o modelo em que Portugal se deve inspirar para sair da crise.
" Vou ser sincero. Penso que o modelo de Portugal devia ser o do meu país ( a Etiópia)"
Mas há muita fome e miséria, na Etiópia!
"Isso é propaganda da comunicação social. No meu país as pessoas vivem de acordo com as suas possibilidades e vivem bem. Isso da fome é muito relativo... E veja como, apesar de sermos miseráveis, como você diz, damos grandes exemplos ao mundo! Já contou o número de maratonas e provas de média e longa distância que os atletas etíopes ganharam? Há alguma coisa que nos possa orgulhar mais do que estes sucessos internacionais? Repito: isso da fome e da miséria é muito relativo".