
O nosso PR , por vezes, faz-me lembrar uma "meia de leite". Uns gostam dela mais escura, outras mais clara, mas nunca meio por meio, o que lhe desvirtua o nome.
A postura discursiva de Cavaco, ao longo dos tempos, tem sido idêntica.Nunca consegue o meio termo. Ora exige ao governo ( de Sócrates) que não peça mais sacrifícios aos portugueses, ora exige aos portugueses sacrifícios e respeito pelas decisões do governo ( de Coelho), apelando à contenção dos tempos do Estado Novo. Ora aponta o governo ( de Sócrates) como culpado da crise, ignorando a crise mundial, ora surge de dedo em riste apontando a crise mundial como causadora da crise portuguesa.
O discurso em Florença, eivado de fervor europeu, temperado com sentimento patriótico e revolucionário, fez-me recordar uma cena triste em Praga, quando se calou perante os insultos do presidente checo ao nosso país. Mudam-se os tempos...
O nosso PR - há meses dizia que não podíamos protestar contra os mercados - afinou a voz, endireitou a espinhela e zurziu em Sarkozy e Merkel que, presumo, devem ter ficado a tremer de medo. Pelo meio exigiu as eurobonds que Passos Coelho dias antes considerava inúteis para resolver os problemas dos países em dificuldades.
Ao fim de 30 anos na política e mais de cinco como PR, Cavaco já teve tempo para aprender a ser equilibrado mas, definitivamente, atingir esse desiderato não está nas suas capacidades. Comporta-se como os apreciadores da "meia de leite" ( em que eu não me incluo) que lhe desvirtuam o nome, pedindo-a escura ou clara, mas nunca meio por meio. Não sei se foi por isso que muita gente optou por rebaptizar a "meia de leite"com os sugestivos nomes de "pingado" e "abatanado".
Talvez fosse altura de rebaptizar o nome do PR. Tomás era o "corta-fitas", talvez Cavaco se pudesse chamar...