quinta-feira, 7 de abril de 2011
Está lá? É do Palácio de Belém?
Tiro no escuro
Contos de Fadas
Afinal havia outros (culpados)
O director geral do FMI veio dizer aquilo que já todos sabíamos, mas que dito por ele tem outro peso: o principal problema (de Portugal) é o financiamento dos bancos e a dívida privada.
Traduzindo, por outras palavras, o problema reside no endividamento louco de muitas famílias portuguesas, a que ninguém pôs cobro. Há famílias com cinco, seis e sete créditos ( sendo um para a casa, outro para o automóvel e os restantes para consumo) que enfrentam agora problemas de insolvência. A culpa não lhes pode, no entanto, ser totalmente atribuída. Num país onde o analfabetismo financeiro é elevadíssimo, exigia-se a quem de direito ( governo, Banco de Portugal e Associação Portuguesa de Bancos) que alertasse para os riscos de endividamento sem bases sólidas de garantia de cumprimento.
No entanto, aquilo a que assistimos durante quase duas décadas, foi a uma desvalorização do endividamento das famílias portuguesas, por parte do BP e da APB. Enquanto os bancos incentivavam os consumidores a endividarem-se, através de campanhas publicitárias em que prometiam concessão de crédito em 24 horas, acenavam com taxas de juro baixas e spreads a 0%, o Instituto do Consumidor lançava, em 1997 e 1998 campanhas de sensibilização para os riscos de endividamento, veladamente criticadas pelo sector financeiro.
Quando (tardiamente) o governo começou a disciplinar as regras da concessão de crédito, tornando-as mais transparentes, os bancos reagiram negativamente e procuraram torneá-las, continuando a descurar os riscos de créditos mal parados. No crédito à habitação, as casas eram sobreavaliadas, penalizando os consumidores. Muitos dos que estão a pagar créditos sobre casas avaliadas pelos bancos em 200, 300, ou 400 mil euros, sabem que se hoje as quiserem vender vão receber muito menos do que pagaram por elas.
Foi este negócio indecoros que contribuiu, substantivamente, para agravar a penúria dos portugueses, enquanto os bancos, vítimas da sua gula, estão a ser penalizados pelo aumento exponencial do crédito mal parado. Claro que há contornos mais complexos que contribuíram para que chegássemos a esta situação ( como o endividamento dass empresas, por exemplo) mas esta explicação simples, é suficiente para nos interrogarmos como é possível que os bancos, depois de anos de rédea solta, fortemente "subsidiados" pelos contribuintes, graças ao sistema contributivo privilegiado de que desfrutam, venham agora com toda a desfaçatez dizer que não emprestam mais dinheiro ao Estado e exigir que o governo recorra ao crédito externo?
No dia 5 de Junho, a escolha dos portugueses é entre cotinuar a dar o aval aos agiotas, ou mandá-los definitivamente para a rua. A escolha é nossa
(Voltarei a abordar esta questão nos próximos dias)
Morning call (12)
Para começar bem o dia, deixo-vos com um momento de boa disposição que roubei, ontem à noite. a uma Domadora de Camaleões Imperdível